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Com horizonte de juros altos, renda fixa segue atrativa – 18/06/2025 – Mercado

Analistas do mercado financeiro avaliam que o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) deve manter a Selic em um patamar elevado pelo próximo ano, o que beneficia investimentos em renda fixa. Nesta quarta-feira (18), o BC subiu a taxa básica de juros para 15% ao ano.

Além dos títulos pós-fixados, que acompanham a Selic, eles também apontam oportunidades em prefixados e híbridos.

“Não acreditamos em um corte de juros no curto prazo dado que as expectativas de inflação seguem elevadas e acima da meta estabelecida”, diz Rafael Haddad, planejador financeiro do C6 Bank.

Apesar de estar em uma trajetória de queda, a expectativa para a inflação segue acima da meta de 3% perseguida pelo BC. Na última pesquisa Focus, a previsão para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) deste ano estava em 5,25%, e a do ano que vem, em 4,50%.

Além disso, os conflitos no Oriente Médio podem contribuir para preços mais elevados, com a alta do petróleo e uma eventual escalada do dólar.

Neste cenário, os ativos mais recomendados são os que acompanham a Selic (ou o CDI) e os híbridos, que combinam juros prefixados com a variação do IPCA.

“O recado, mais uma vez, acaba sendo de cautela nas alocações, dado todo o cenário local e externo. O único consenso que temos no mercado local é que a Selic deve ser mantida neste patamar por bastante tempo”, diz Filipe Arend, diretor de renda fixa da Faz Capital.

Os produtos mais indicados por especialistas são títulos do Tesouro Direto e CDBs (Certificado de Depósito Bancário) com rentabilidades acima de 100% do CDI.

Segundo Jacinto Santos, analista de renda fixa da CM Capital, são “dois ativos que pagam bem, com muita segurança.”

De acordo com projeções do C6 Bank, a taxa de 100% do CDI terá uma retorno real, ou seja, descontada da inflação, de 9,7% em um ano. O cálculo leva em conta a curva de juros futuros, que precifica a possibilidade de a Selic ficar levemente abaixo de 15% em um ano.

“Com o atual patamar de juros, temos um rendimento nominal, ou seja, antes de descontar os impostos e também a inflação, de mais de 1% ao mês”, diz Carlos Castro, planejador financeiro e CEO da SuperRico.

Considerando o Imposto de Renda, o maior retorno líquido real fica com títulos isentos, como LCA e LCI, que rendam mais que 91,6% do CDI. Segundo a projeção, isso equivale a uma rentabilidade líquida real de 8,36% em um ano.

Já os investimentos híbridos ligados ao IPCA oferecem retornos menores, com a queda nas taxas prefixadas que os acompanham. Na plataforma do Tesouro Direto, o IPCA+ para 2029 tem uma taxa adicional de 7,59%. O título para 2040 está a 6,99%.

“Os produtos atrelados ao CDI estão trazendo os maiores retornos em todos os prazos. Isso porque agora as taxas dos prefixados já estão precificando queda nos juros futuros”, afirma Haddad.

Na plataforma do Tesouro, o título prefixado para 2028 está oferecendo um retorno anual de 13,58%. O papel com vencimento em 2032 está com retorno de 13,81%.

Paulo Henrique Oliveira, analista de investimentos da Daycoval Corretora, recomenda a compra de prefixados apenas com rentabilidades superiores a 14,50% —apesar de raros, esses papéis ainda podem ser encontrados no mercado secundário. Nos híbridos, ele traça a régua de 6% no juro adicional.

“É hora de o investidor travar a taxa alta no portfólio. No mercado secundário, títulos do Tesouro com vencimento em dois anos estão pagando quase 14% ao ano. Com isso, o capital dobra em cinco anos”, diz.

De acordo com o analista, quanto mais longo o objetivo do investidor, mais espaço para prefixados tem a sua carteira.

Mauro Orefice, gestor da B.Side Investimentos, recomenda títulos prefixados com vencimento em até três anos.

“Com os prefixados, você garante uma rentabilidade por um prazo definido, num patamar alto, que é o que temos agora. E, eventualmente, o próximo movimento de juros vai ser para baixo”, diz Orefice.

Para os produtos atrelados ao IPCA, o intervalo recomendado é de 2 a 5 anos.

“Pensando no médio e longo prazo, a relação risco-retorno dos títulos atrelados ao IPCA torna a classe mais inteligente, uma vez que protege o investidor em cenário de inflação mais alta e tem o potencial de oferecer um ganho de capital em um eventual cenário de queda de juros”, diz Arend, da Faz Capital.

Os especialistas ponderam que o mais importante na escolha é respeitar o perfil de risco e diversificar.

“Essa estratégia precisa ser construída de acordo com o perfil de cada investidor e o horizonte de tempo desse investimento, de modo a tornar a carteira de investimentos resiliente e capaz de atravessar qualquer ciclo econômico”, afirma Castro, da SuperRico.

A poupança, por sua vez, segue desvantajosa. A estimativa de Haddad, do C6 Bank, é que ela renda 8,24% nos próximos 12 meses, quase metade da Selic.

Diferentemente de outros produtos de renda fixa, a poupança tem a sua rentabilidade alterada apenas caso a Selic esteja abaixo de 8,5%. No momento, por lei, ela continua rendendo 6,17% + TR (Taxa Referencial) ao ano.

Considerando a inflação, a estimativa é de um ganho líquido real de 3,36% no mesmo período —o investimento é isento de IR. Ou seja, não se perderia dinheiro da poupança, mas há outros produtos de renda fixa seguros que são mais rentáveis e tem liquidez semelhante, como o Tesouro Selic, que rede Selic + 0,05% ao ano.

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