/ Jun 26, 2025

Juros: BC eleva Selic a 15% ao ano e sinaliza fim do ciclo – 18/06/2025 – Mercado

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central avançou no ciclo de alta de juros nesta quarta-feira (18) com uma elevação em ritmo menor, de 0,25 ponto percentual, e aumentou a taxa básica (Selic) de 14,75% para 15% ao ano. A decisão foi unânime.

No comunicado, o colegiado do BC também antecipou que prevê a interrupção do ciclo de alta da Selic no próximo encontro, em julho, para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado.

O comitê pretende avaliar se o plano de manter a taxa no atual patamar por período “bastante prolongado” será suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. O comitê enfatizou ainda que se manterá vigilante e poderá ajustar os passos futuros da política monetária, dizendo que não hesitará em dar sequência ao ciclo de altas se julgar necessário.

Com o novo aumento, a Selic atingiu o maior patamar desde julho de 2006, quando estava fixada em 15,25% ao ano, após reunião realizada no dia 31 de maio. Naquela época, contudo, os juros seguiam em trajetória de queda após o pico de 19,75% ao ano, durante o escândalo do mensalão, em 2005.

O ciclo teve início em setembro do ano passado, ainda na gestão de Roberto Campos Neto, e até agora foram realizados sete aumentos consecutivos em nove meses. A taxa básica partiu de 10,50% ao ano e acumulou elevação de 4,5 pontos percentuais nesse processo.

Ao justificar o novo aumento, o colegiado do BC disse que as expectativas de inflação seguem distantes da meta, a atividade econômica continua mostrando força e o mercado de trabalho segue como uma pressão sobre os preços.

Na visão do comitê, é necessária uma política de juros em nível “significativamente contracionista” –ou seja, que contribua para a moderação do crescimento da economia– por período “bastante prolongado” para assegurar a convergência da inflação à meta.

Às vésperas da reunião, o mercado financeiro estava dividido sobre a decisão do Copom. Levantamento feito pela Bloomberg com 32 instituições mostrou que 20 apostavam no fim do ciclo, com a manutenção da Selic em 14,75% ao ano, enquanto 12 projetavam que a taxa básica atingiria 15% ao ano, com um aumento final de 0,25 ponto percentual.

No encontro anterior, em maio, o comitê deixou os passos seguintes em aberto, falando em flexibilidade e cautela diante da incerteza gerada, em especial, pelo ambiente externo.

Desafiam a atuação dos bancos centrais o conflito no Oriente Médio e os efeitos ainda nebulosos da guerra comercial aberta pelos Estados Unidos. Mais cedo, o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) manteve os juros inalterados no intervalo de 4,25% a 4,50% ao ano pela quarta vez consecutiva.

Para o Copom, o ambiente externo continua “adverso” e “particularmente incerto”, em razão da política econômica dos Estados Unidos. O comitê também chamou atenção para a volatilidade dos ativos financeiros. “Tal cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes em ambiente de acirramento da tensão geopolítica”, disse.

Apesar do cenário externo, houve redução na cotação do dólar usada como referência pelo Copom, para R$ 5,60. Em maio, a moeda norte-americana tomada como base na análise estava em R$ 5,70.

No cenário doméstico, o Copom mostrou incômodo com o fato de que as projeções de inflação para prazos mais longos terem estacionado longe da meta perseguida. O alvo central é 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significa que a meta é considerada cumprida se ficar entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto).

Segundo o último boletim Focus, os analistas projetam que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) termine 2026 no limite superior do intervalo de tolerância, em 4,5%. Para 2027, a estimativa mediana do mercado seguiu em 4% pela 17ª semana seguida.

Devido aos efeitos defasados da política de juros sobre a economia, o BC trabalha agora mirando a inflação do fim de 2026, conforme o sistema de avaliação contínua.

No cenário de referência do Copom, a projeção de inflação para este ano subiu de 4,8% para 4,9%, ainda bastante acima do teto da meta. Para 2026 –período em que o BC hoje se propõe a cumprir o objetivo– a estimativa se manteve em 3,6%.

O comitê reiterou que os riscos, tanto de alta quanto de baixa, em seu balanço estão mais elevados do que o usual.

Entre os fatores que puxariam os preços para cima, mencionou a possibilidade de as expectativas de inflação seguirem longe da meta por período mais prolongado e os possíveis impactos provocados por políticas econômicas externa e interna, como uma depreciação do câmbio de forma persistente.

Citou também a chance de haver maior resiliência na inflação de serviços em função de um hiato do produto mais positivo –quando a atividade econômica continua operando acima do seu potencial e sujeita a pressões inflacionárias.

Entre os vetores que levariam os preços para baixo, repetiu a possibilidade de desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a prevista e de recuo global mais forte devido a um choque de comércio e do aumento da incerteza. Voltou a falar sobre a chance de queda nos preços das commodities.

A questão fiscal é motivo de preocupação entre os economistas, mas o colegiado do BC fez uma declaração mais sucinta sobre o tema do que em comunicados anteriores. “O comitê segue acompanhando com atenção como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros”, afirmou.

Com relação à atividade econômica e ao mercado de trabalho, disse que o conjunto de indicadores tem apresentado algum dinamismo, mas observou “certa moderação” no crescimento.

O Copom, que hoje é composto majoritariamente por representantes indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) –com sete dos nove membros–, volta a se reunir nos dias 29 e 30 de julho.

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