/ Jun 29, 2025

Derrubada do IOF: Congresso espanca Lula 3 – 25/06/2025 – Vinicius Torres Freire

Foi um dia típico do mundo encantado de Brasília. Um dia depois do São João, nas férias juninas, causou sensação que o presidente da Câmara, Hugo Mota, tenha botado para quebrar. O aumento do IOF caiu com 75% dos votos do total dos deputados (80% dos presentes). O Senado enterrou o cadáver.

Houve conversinha sobre governo e deputados terem sido pegos de “surpresa”. E daí? Isso é espuma ou sintoma de coisa pior e sabida. É fofoca, “bastidor”, sobre interesses da política politiqueira, de escassa relação com problemas reais do país.

A redução de despesa e os superávits fiscais a partir de 2027, que constam do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2026, são um cenário “fictício”, diz a Instituição Fiscal Independente (IFI, ligada ao Senado, mas autônoma, responsável por analisar as contas públicas).

É o que está no Relatório de Acompanhamento Fiscal de junho. Se a política fiscal precisava ainda de obituário, ali está.

Essa situação política deriva do fato de que o plano fiscal (gasto, impostos) de Lula 3 estava marcado para morrer desde 2023, pois autodestrutivo. Deriva do desespero do governo para cobrir o buraco e evitar pindaíba terminal, pois perdeu a chance de propor mudança em 2024.

Quase ninguém mais liga para o cumprimento da meta oficial, nem “o mercado”. A lei permite a exclusão de despesas, outras o governo faz por fora do Orçamento. O déficit real é maior e se empilha na dívida, que cresce sem limite.

Quase ninguém mais acredita que haverá providência séria até o final de Lula 3 (por causa de Lula, do Congresso e do poder econômico). O risco é o governo dar outro tiro na cabeça, mudando a meta outra vez. No mais, acabou. O governo vai ficar estrangulado em uns dois anos. A vida será dura a partir de 2027 —ou vamos à breca.

O Congresso quis dar lição no governo. Quer fazer Lula pedinchar. Quis mostrar a ministros qual é o “lugar deles”, como dizem de Rui Costa (Casa Civil) e Fernando Haddad (Fazenda).

O Congresso quer dinheiro das emendas. O comando do Congresso está nervosinho também porque, acredita, o governo jogou na conta do direitão e do centrão as mudanças ruinosas no setor elétrico, entre elas o aumento da conta de luz. Dizia que tinham um acordo com Lula para dourar essa pílula. Tanto faz. Quem fez mais essa porqueira no setor elétrico foi o Congresso, um desastre para o planejamento e o mercado de energia.

O Congresso está incomodado que o governo alardeie defender o “andar de baixo” e que medidas fiscais rejeitadas pelos parlamentares atingem apenas “os moradores da cobertura”, como diz Haddad.

Além das queixinhas, a campanha eleitoral começa. Muita gente na Câmara e no Senado quer ver a caveira do governo, levando o país na cambulhada destrutiva. Pode vir pauta-bomba. Pode cair o grande projeto eleitoral de Lula, a isenção do IR.

No cenário da IFI, o déficit cresce de 0,4% do PIB até 2,7% em 2035. A dívida pública será equivalente a 77,6% do PIB no fim de 2025. De 82,4% ao final de Lula 3 (era de 71,7% no final de 2022). Caso nada seja feito, vai a 100% do PIB no final do governo do próximo presidente, em 2030. É isso que importa.

Mais: “…conforme as projeções da IFI e mantidas as metas fiscais das diretrizes orçamentárias, para se evitar o shutdown [paralisia] da máquina pública já em 2026, o Executivo deverá buscar outras medidas de aumento das receitas e de contenção de despesas”.

Fim.


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