/ Jun 26, 2025

Seca faz usinas lançarem campanhas contra incêndios em SP – 26/06/2025 – Mercado

A chegada do inverno, com o consequente agravamento do tempo seco no interior de São Paulo, e o histórico de incêndios com prejuízos recordes no ano passado nas lavouras de cana fez com que usinas de açúcar e etanol lançassem nos últimos dois meses uma série de campanhas contra queimadas.

Prática comum no passado nos canaviais —o que facilitava o corte em épocas de colheita manual—, as queimadas hoje representam prejuízo às usinas. Elas geram perda de matéria-prima (reduzem teor de sacarose), estragam a palha (fonte de biomassa para cogeração de energia), exigem colheita e moagem imediatas (para evitar deterioração), comprometem a rebrota e causam riscos à saúde da população no entorno e na segurança do campo.

Por isso, até carreatas foram feitas pelo setor sucroenergético em cidades paulistas, que também viram parcerias de auxílio mútuo entre usinas e campanha com centenas de professores.

O objetivo é evitar que uma repetição do cenário registrado no ano passado cause prejuízos milionários ao setor. Levantamento feito pela Orplana (Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil) aponta que o prejuízo foi superior a R$ 500 milhões entre áreas de queima de cana e de rebrota.

O CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) estimou que os incêndios afetaram 400 mil hectares no centro-sul brasileiro, sendo 40% de área com cana ainda não colhida.

Esse cenário de seca em 2024 aliada aos incêndios de julho a setembro no interior paulista fizeram a consultoria Datagro prever que a safra de cana-de-açúcar 2025/26 no centro-sul deverá ser ligeiramente inferior à anterior.

A previsão é que alcance 612 milhões de toneladas, 1,4% menos que as 621 milhões de 24/25 e 6,48% menor que as 654,43 milhões de toneladas da safra 23/24.

A Raízen, principal grupo sucroenergético do país, iniciou no último dia 5 uma série de carreatas com o objetivo de levar informações e orientações à comunidade sobre os riscos de incêndios e propagação do fogo em canaviais, matas e entornos de rodovias.

A ação foi feita em Morro Agudo, importante produtora de cana na região metropolitana de Ribeirão Preto. Cartilhas foram distribuídas com ações de prevenção e formas de evitar focos de incêndio.

Segundo a empresa, as ações da campanha “Quem ama a terra, não chama o fogo” são uma resposta aos “efeitos cada vez mais intensos das mudanças climáticas”.

Além de carreatas, blitz educativas e ações nas escolas fazem parte da campanha, que conta também com medidas como a antecipação do corte e da colheita, para reduzir a exposição do canavial ao risco de queimadas, e realocação de recursos para ações das brigadas de incêndio em áreas mais críticas. A Raízen tem 35 unidades no país.

O temor das usinas se explica pela facilidade de propagação do fogo neste período do ano. A estiagem, aliada às altas temperaturas e fortes ventos, pode fazer com que o fogo se alastre mais rapidamente. Os principais causadores são, segundo a Raízen, bitucas de cigarro jogadas em rodovias, fogueiras e limpeza de terrenos em áreas próximas a zonas urbanas.

Já a Abag-RP (Associação Brasileira do Agronegócio de Ribeirão Preto) lançou pela 11ª vez uma campanha de combate aos incêndios, com distribuição de cartilha e, agora, um jogo de tabuleiro para estudantes —definido após o veto ao uso de celulares no ambiente escolar— e foco em ter professores como aliados.

O lançamento da campanha, em maio, ocorreu junto com o primeiro encontro de capacitação de mais de 200 professores de 131 escolas que participam do programa “Agronegócio na Escola”, desenvolvido pela entidade. As atividades ocorrerão até meados de setembro, quando, ao menos em tese, a pior fase do tempo seco terá passado.

Durante o Cana Summit, evento organizado pela Orplana em abril em Brasília, o tema foi alvo de debate com o objetivo de desmistificar a imagem do produtor de cana como causador das queimadas. No mesmo mês, uma campanha de combate em 33 municípios de 4 estados também foi lançada pela Copersucar com suas 38 usinas associadas.

As usinas também estão desenvolvendo formas de combate rápido para eventuais incêndios. Pertencentes ao mesmo grupo, as usinas Batatais, na cidade homônima, e Cevasa, na vizinha Patrocínio Paulista, criaram um plano de auxílio mútuo, que contou com treinamento ainda em março, antes do início oficial da safra no centro-sul —em 1º de abril.

O simulado teve como objetivo dar resposta emergencial e eficaz em caso de queimadas. Nesta quarta-feira (25), a Batatais também levou às redes sociais pedido para que a população não faça queimadas e denuncie práticas inseguras.

Em Lins, a Usina Lins prevê de junho a outubro campanhas com painéis em rodovias, placas, adesivos, palestras em escolas e treinamentos com brigadas de incêndio.

AMAZÔNIA E PANTANAL

Além dos riscos com o tempo seco no interior paulista, nesta quarta-feira a PF (Polícia Federal) lançou uma ação integrada contra queimadas e crimes ambientais na Amazônia Legal e no Pantanal, que terá início em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Chamada Operação Incêndios 2025, ela prevê a instalação de bases avançadas em pontos críticos, uso de tecnologia de ponta, geointeligência e drones, além de trabalho conjunto com a Força Nacional de Segurança e instituições governamentais como o ICMBio, o Ibama e o Ministério do Meio Ambiente.

Nas próximas semanas, seguirá também em quatro estados: Acre, Amazonas, Rondônia e Pará.

As regiões foram escolhidas por estarem enfrentando “aumento significativo de eventos climáticos extremos e crimes ambientais”, de acordo com a PF, que afirmou ter instaurado 138 inquéritos no ano passado ligados a queimadas, três vezes mais que os 46 de 2023.

Notícias Recentes

Travel News

Lifestyle News

Fashion News

Copyright 2025 Expressa Noticias – Todos os direitos reservados.