Representantes da revenda de combustíveis questionaram nesta quinta-feira (26) as projeções de queda no preço da gasolina feitas pelo governo após anunciar o aumento do percentual de etanol na mistura vendida nos postos.
“É completamente irreal”, afirmou o Paranapetro, que representa os postos do Paraná. “Se levarmos em conta somente os custos publicados pela Petrobras e pelo Cepea [Centro de Pesquisa Econômica Aplicada da USP], terá um reflexo de no máximo um centavo e meio para as distribuidoras.”
Na cerimônia em que anunciou que a gasolina passará a ter 30% de etanol a partir de agosto, o MME (Ministério de Minas e Energia) estimou um impacto de R$ 0,11 por litro. A Fecombustíveis, que reúne sindicatos de postos pelo país, diz que ficará, no máximo, em R$ 0,02 por litro.
O etanol anidro representa hoje apenas 12,7% do preço final da gasolina nos postos brasileiros, segundo contas da Petrobras. O restante é composto, além da própria gasolina, por impostos e margens de lucro de distribuidoras e postos.
Na semana passada, a gasolina foi vendida no país, em média, a R$ 6,23 por litro. Desse total, R$ 2,08 representam a parcela da Petrobras e R$ 0,79 são referentes ao custo do etanol anidro. Impostos estaduais e federais respondem por R$ 1,47 e R$ 0,70, respectivamente. Margens são uma fatia de R$ 1,19.
A Fecombustíveis ressalta que os preços dos combustíveis são livres no país. “Por conta da complexidade de precificação (importação, biocombustíveis, CBIOs, conflitos de guerra, entre outros), os postos dependem dos valores de combustíveis repassados pelas companhias distribuidoras”, disse.
“A chegada desta redução mínima aos postos vai depender do repasse das distribuidoras, conforme a modalidade de compra do etanol por parte de cada companhia de distribuição. O etanol tem um mercado altamente volátil, com variações diárias”, reforçou o Paranapetro.
Na cerimônia de quarta-feira, o MME alegou que, com mais etanol, o Brasil passará a ser exportador de gasolina, o que pode impactar no preço interno do produto —que passaria a ser vendido pelo preço de paridade de exportação e não de importação, que inclui custos de transporte.
A Petrobras, porém, há tempos deixou de seguir a paridade de importação. Vem acompanhando de longe a variação dos preços internacionais, mas mantendo uma pequena defasagem no longo prazo, seguindo promessa de Lula para abrasileirar os preços dos combustíveis.
Foi ajudada nestes dois anos de nova política de preços pela queda nas cotações internacionais do petróleo, o que ajuda o governo a alardear que hoje vende combustível mais barato do que no fim do governo Jair Bolsonaro (PL).
Na cerimônia desta quarta, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está “vencendo a batalha do preço dos combustíveis”. “Isso é fundamental para manter um círculo virtuoso da economia por meio do combate à inflação”, afirmou.