/ Jun 29, 2025

O mundo é uma bola de absurdos – 29/06/2025 – Juca Kfouri

André Breton, o poeta francês que lançou o Manifesto Surrealista 101 anos atrás, ficaria pasmo.

Salvador Dalí, o pintor catalão, talvez fosse incapaz de traduzir na tela o que vivemos em 2025.

Comecemos pelo esporte.

Os Estados Unidos negaram visto de entrada às cubanas do vôlei que disputariam torneio em Porto Rico.

Seis jogos da Copa do Mundo de Clubes nos Estados Unidos já foram interrompidos por ameaças climáticas, o último deles, entre Chelsea e Benfica, por quase duas horas.

Podem os estadunidenses receber as Olimpíadas de 2028 e a Copa do Mundo de seleções do ano que vem se vetam a seu bel-prazer a entrada de atletas de países com os quais têm diferenças?

Você acredita que há sócios do Corinthians dispostos a votar pela permanência do presidente afastado por corrupção?

Mudemos da bola à bala.

Os Estados Unidos têm a bomba nuclear.

Ao que tudo indica, porque impede a fiscalização, Israel tem também.

Mas o Irã não pode ter porque… porque os dois, EUA e Israel, não querem que tenha.

E cometer genocídio contra o povo palestino pode?

Fique claro: não me daria bem em Cuba com restrições à liberdade de imprensa e muito menos no regime dos aiatolás.

Eu acho que a ralé não pode viajar de avião, conforto que deve ser para poucos, assim como nós, raras leitoras e raros leitores.

Assim como o Congresso Nacional quer manter baixo o IOF para a ínfima minoria e cortar o investimento em saúde e educação para a esmagadora maioria.

Eu aprovo, é óbvio, porque moro na cobertura, como disse o ministro da Economia, que também mora, embora numa casa.

Sim, ironia sem graça, a minha.

Todos devem poder viajar de avião, e cortar recursos dos pobres para manter os privilégios dos ricos é absurdo inominável e deveria ser até para quem prefere gastar com blindagem de carro e segurança em condomínio.

Daí vem alguém e diz que o governo Lula faz o jogo do nós contra eles. Faz nada!

Aliás, antes fizesse, para valer. Porque não foi ele quem inventou a luta de classes. Ou terá sido?

Povo na rua para isentar de IR de quem ganha até R$ 5.000; para quem quer mudar a escala 6×1; para quem quer saúde, educação e transporte de qualidade, segurança pública de verdade, com respeito ao cidadão negro, branco ou amarelo, pobre ou rico, hétero ou não.

Povo na rua é democracia direta? E daí? Se é a única língua que o Congresso entende e teme?

Se os ricos preferem viver feito avestruzes, incapazes de ver a realidade que os cerca, está mais que na hora de jogar água na bunda dos exploradores da pobreza e da fé alheias.

Quer dizer que a Faria Lima está preocupada com a entrada do PCC em seu mundo dourado pela ganância e pelo individualismo?

Ora, surpreendente, não?

Por que raios só os milionários podem?

Se até do Parque São Jorge o PCC tomou conta, por que pouparia a ostentadora avenida paulistana?

Dalí, entre fuscas e porsches, pintaria mais o quê?

Vivemos numa era de tamanhos absurdos que esta coluna, na editoria de Esporte, de tão indignada com o genocídio cometido pelo terrorista Estado de Israel, pela prepotência dos EUA e pela insensibilidade do Congresso Nacional na defesa dos privilégios, com mais 18 deputados, ficou sem espaço para tratar de Flamengo x Bayern de Munique.


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