O BCE (Banco Central Europeu) alertou, nesta segunda-feira (30), que os novos desafios, que englobam tensões comerciais e geopolíticas, a inteligência artificial e as mudanças climáticas, podem tornar a inflação mais volátil, justificando assim uma estratégia de política monetária mais flexível.
Essas mudanças estruturais apontam para “maiores desvios do objetivo de inflação de 2%” fixado pelo BCE, motivo pelo qual a instituição da zona do euro utilizará ferramentas “de maneira flexível (diante de) novos impactos”, diz um comunicado.
A estratégia monetária inicial do BCE, adotada em 1998 e revisada em 2003, foi revisada pela última vez em 2021 com a introdução de um objetivo de inflação de médio prazo de 2%.
O novo ambiente global “gera muitos motivos de preocupação”, mas “uma coisa com a qual não precisamos nos preocupar é com o nosso compromisso com a estabilidade de preços”, disse a presidente do BCE, Christine Lagarde, ao apresentar a auditoria em Sintra, Portugal, antes de um seminário anual que começa na tarde desta segunda-feira.
De acordo com suas conclusões, todos os instrumentos de política monetária de que dispõem os guardiões do euro —taxas de juros, intervenções nos mercados de títulos, sejam indiscriminadas ou direcionadas a países específicos, empréstimos de longo prazo e condicionados aos bancos, etc.— “permanecerão em sua caixa de ferramentas”.
Mas “a escolha, elaboração e aplicação desses instrumentos serão suficientemente flexíveis para responder de forma ampla às mudanças no ambiente da inflação”.
O BCE está saindo de um período turbulento, no qual a recuperação econômica após a pandemia de covid-19 e a guerra da Ucrânia provocaram um aumento da inflação, especialmente devido aos preços da energia e às interrupções nas cadeias de suprimentos.
A rigorosa política monetária aplicada em resposta permitiu trazer a inflação de volta à linha com o objetivo do BCE através de um forte aumento nas taxas de juros.
A partir de agora, o Conselho de Governadores do BCE, que decide sobre a política monetária, levará em conta “não apenas o cenário mais provável para a inflação e a economia, mas também os riscos e incertezas que os cercam”, conclui o comunicado.
A primeira reunião de aplicação da nova estratégia acontecerá nos dias 23 e 24 de julho.