O presidente Lula, que usa um carro “top” cedido pela chinesa BYD, não aceitou o convite para inaugurar a fábrica da montadora em Camaçari (BA), nesta terça (1). Ele viaja à Bahia ainda nesta terça, mas para outra agenda.
Em parceria com o governo do estado, a chinesa “herdou” os benefícios fiscais anteriormente concedidos para a Ford, que deixou o país. A fábrica da montadora norte-americana foi então repassada para a BYD.
No entanto, nos planos da montadora, por enquanto não constam projetos de desenvolvimento de peças ou partes dos automóveis no país. O modelo concentra-se, exclusivamente, na finalização dos carros, que são importados e chegam quase prontos ao Brasil –algo que incomoda setores da indústria e alas do próprio governo federal.
Além disso, o Brasil tornou-se destino final de veículos importados que não foram vendidos na China devido à retração da economia.
Os modelos ingressaram com preços muito competitivos, o que despertou reações de montadoras tradicionais aqui instaladas.
No governo, o lobby dos veículos elétricos, motor das vendas da BYD, enfrentou resistência da Anfavea e dos ministérios de Desenvolvimento, Indústria e Comércio e de Minas e Energia, pivôs das discussões dos incentivos aos motores flex, movidos a etanol ou biocombustíveis.
O Mover, programa federal de estímulo aos combustíveis menos poluentes, freou os interesses da BYD e de outras montadoras de veículos 100% elétricos.
Outro problema foram as denúncias de trabalho análogo à escravidão na construção da fábrica de Camaçari.
Consultado, o Palácio do Planalto informou que o presidente foi convidado, mas decidiu não incluir a inauguração na agenda oficial. No mesmo horário do evento, o presidente Lula participou, em Brasília, do Lançamento do Plano Safra 2025/2026.
A BYD disse que havia a possibilidade de Lula ir ao evento mas, provavelmente, problemas de agenda impediram sua participação.
Com Stéfanie Rigamonti