As varejistas chinesas Temu e Shein viram seu crescimento de usuários, que era rápido, mudar de rumo e passar a cair nos EUA após o presidente do país, Donald Trump, impor tarifas elevadas sobre produtos chineses e acabar com uma brecha fiscal que permitia que eles vendessem a preços mais baixos que seus concorrentes.
Os usuários ativos mensais da Temu, uma medida de engajamento em seu aplicativo, caíram 51% e foram a 40,2 milhões nos EUA entre março e junho, de acordo com dados da empresa de inteligência de mercado Sensor Tower.
O número de compradores norte-americanos usando o aplicativo da Shein também diminuiu no mesmo período, embora não tão drasticamente. A varejista registrou uma queda de 12% nos usuários ativos mensais para 41,4 milhões, segundo a Sensor Tower.
As duas empresas tem perturbado o setor de varejo em todo o mundo ocidental nos últimos cinco anos com preços baixos e uma intensa campanha publicitária nas redes sociais que permitiram que Shein e Temu acumulassem uma vasta base de clientes em questão de meses.
Porém, as varejistas foram impactadas com a cobrança de taxas em vários países, incluindo o Brasil. Nos EUA, o governo acabou com a “lei de minimis”, em 2 de maio, que dava isenção a pacotes de até US$ 800 provenientes da China.
Inicialmente, Trump passou a cobrar uma taxa de 30%, mas elevou-a para 90% antes mesmo de a medida entrar em vigor em maio. Em 13 de maio, o governo reduziu para 54% e depois para até 30%.
Após as mudanças políticas de Trump, a Temu reformulou seu modelo de negócios nos EUA. Em vez de enviar produtos de fábricas na China, começou a enviar pedidos de vendedores baseados nos EUA.
A queda no uso da Temu e Shein também pode estar ligada a uma redução nos gastos com publicidade de cada empresa. Nos últimos três meses, essas despesas da Temu nos EUA caíram 87% e os da Shein despencaram 69% em comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com a Sensor Tower.
No ano passado, elas ocupavam o 10º e 11º lugares entre os maiores anunciantes digitais nos EUA —agora estão fora o top 60, disse o pesquisador.
À medida que o ambiente nos EUA se tornou mais hostil, Temu e Shein mudaram seu foco para a Europa.
O número de pessoas usando o aplicativo da Temu em junho aumentou 76% na França, 71% na Espanha e 64% na Alemanha, em comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com a Sensor Tower. Enquanto isso, os usuários ativos mensais da Shein aumentaram entre 13% e 20% no Reino Unido, Alemanha e França.
Mas o crescimento na Europa também pode estar em risco, pois a UE planeja cobrar uma taxa de 2 euros sobre pacotes de menor valor que entram no bloco, e o governo do Reino Unido está considerando encerrar seu próprio esquema de isenção de impostos de importação.
A Temu recusou-se a comentar sobre métricas de negócios ou gastos com publicidade, mas disse que seu foco está em “trabalhar com comerciantes em todas as regiões”.
“Desde que abrimos completamente nosso marketplace para vendedores locais em mais de 20 mercados… temos ajudado a expandir seu alcance e fazer crescer seus negócios.”
