Se você olhar só para as camisas dos oito clubes que estão nas quartas de final da Copa do Mundo de Clubes, e escolher pela tradição, não terá dúvida: entre Chelsea x Palmeiras e Al Hilal x Fluminense, os dois brasileiros farão a semifinal.
Se olhar para as folhas de pagamentos, também não terá: Chelsea e Al Hilal decidirão quem irá à decisão.
É claro que a rara leitora e o raro leitor poderão objetar sobre os critérios aqui escolhidos para definir quem tem mais tradição, porque o Chelsea é mais antigo que o Palmeiras, tem o Mundial que falta ao alviverde, e o Al Hilal é mais campeão no pedaço dele que o Fluminense.
Já sobre a capacidade de investimento não cabem questionamentos.
E na bola, que é o mais importante?
Na bola, nos dois encontros dos brasileiros com ingleses e árabes, inexistem favoritos destacados, embora, realisticamente, porque a isso a gestão de nosso futebol levou, haja leve vantagem para os estrangeiros.
O Chelsea já foi campeão mundial ao bater exatamente no Palmeiras, e o Al Hilal ficou como vice do Real Madrid.
O campeoníssimo time da Arábia Saudita, vice-campeão mundial de 2022, ao derrotar o Flamengo (3 a 2) e perder para o Real Madrid (5 a 3), despachou o Manchester City porque não o temeu, foi atrevido e contou com bela atuação do goleiro marroquino Bono, pago, muito bem pago, para isso, para evitar gols, e, ainda assim, sofreu três na vitória por 4 a 3 para eliminar os ingleses de Pep Guardiola.
Registro especial para três brasileiros, o lateral esquerdo Renan Lodi e os atacantes Malcom e Marcos Leonardo, revelados por Athletico Paranaense, Corinthians e Santos, respectivamente.
O ex-santista, com dois gols contra os ingleses, em menos de um ano (chegou a Riad em setembro passado), entrou para a história do clube como outro santista não conseguiu, a não ser pelo fiasco.
O bilionário clube árabe gasta R$ 1,13 bilhão por ano com a folha salarial, cerca de quatro vezes maior que a do Flamengo, o recordista no Brasil.
A Copa do Mundo de Clubes ainda terá outro embate sem favorito entre Bayern de Munique e PSG, apesar de os alemães terem tradição e investimento superiores —R$ 1,76 bilhão de reais por ano de salários, R$ 500 milhões a mais que os franceses.
Já o Real Madrid é favoritaço contra o Borussia Dortmund, segundo representante germânico para se igualar ao Brasil.
Fazer previsões em futebol é exercício de quem gosta de dar a cara a tapa e sair estapeado, porque erramos tanto quanto os meteorologistas e os economistas.
A humanidade parece precisar de quem antecipe o futuro, como já faziam o francês Nostradamus no século 16, o estadunidense Herman Kahn no século passado e, é claro, a brasileira Mãe Dináh, que previu um ótimo governo para Fernando Collor, foi incapaz de prever que não se elegeria vereadora e morreria desenganada em 2014.
É claro que jamais frustraria quem veio até aqui ou fugiria da responsabilidade de prognosticar os semifinalistas da Copa, por mais que qualquer erro sirva para fazer pouco do autor, propor aposentadoria, duvidar dos conhecimentos etc. e tal.
Pois saibam todos que queiram saber: NÃO SEI!