Cinco anos após entrar como sócio da rede de salões de beleza Mega Studio Be Motion, em aposta feita durante edição do Shark Tank Brasil, o fundador e CEO da Polishop, João Appolinário , enfrenta uma pequena revolta de franqueados. Um deles cogita ir à Justiça.
O empresário possui seis franquias da rede em São Paulo em processo de desligamento, em um momento de desentendimentos que vão desde o pagamento de taxas a preços de produtos usados nos salões.
Uma dessas franqueadas disse à coluna sob condição de anonimato que cogita acionar a Justiça contra o empresário, sua sócia e fundadora da empresa, a hairstylist Marcella Dias, e João Appolinário Neto, atualmente CEO da Mega Studio.
Essa empresária afirma que o grupo vendeu uma ilusão ao prometer um faturamento anual de R$ 1 milhão às franqueadas com retornos em 24 meses desde a abertura dos salões. Mas, segundo ela, quatro anos após a operação de franquias, muitos estabelecimentos só deram prejuízo.
Essa franqueada relata ter feito investimentos de cerca de R$ 300 mil para seguir as exigências e padronizações da rede sem ter como contrapartida o apoio prometido na execução do projeto.
Esse valor gasto incluiu, além da montagem do salão, pagamento de taxa de franquia de cerca de R$ 60 mil, royalties de 6% sobre o faturamento bruto e 1% de taxa de marketing —mas ela diz que nunca houve uma ação de marketing para promoção de seu salão.
Conforme consta em uma das propagandas da franquia, uma das promessas era a de que a rede disponibilizaria uma linha de produtos para os salões, de marca própria, que poderiam ser adquiridos com preço de custo, ou seja, de forma mais acessível.
Esses produtos, porém, eram da marca Polishop, diz essa franqueada, vendidos a preços muito elevados. A Polishop atualmente passa por um processo de recuperação judicial.
Ela diz ainda que os sócios prometeram formar profissionais para disponibilizar aos salões dos franqueados. Mas isso nunca aconteceu.
Relata também dificuldades para contratar cabeleireiros competentes na área, que costuma ter muita rotatividade, já que os melhores acabam trocando de emprego quando recebem propostas mais vantajosas.
Consultado, João Appolinário Neto disse ao Painel S.A. que houve inadimplência e que apenas dois franqueados pagaram integralmente a taxa de franquia, conforme previsto em contrato como valor de adesão à marca.
“Reforçamos que todas as cláusulas foram acordadas contratualmente com cada franqueado”, disse Appolinário Neto. O empresário afirmou que a empresa reverteu parte do pagamento das taxas em produtos, treinamentos e suporte técnico.
Ele disse que os franqueados em desligamento da rede o fazem de “forma voluntária e mediante distrato amigável”, sem pendências ou ônus para nenhuma das partes.
Appolinário Neto afirmou, por fim, que esses casos de seis franqueados que serão desligados são pontuais e a operação como franqueadora segue ativa, ao contrário do que eles afirmam.
Além de três unidades próprias dos sócios, a rede conta com duas franquias em São Paulo, uma na Lapa e outra no Brooklin.
“Desde o início, a franqueadora sempre atuou com estrutura enxuta e número reduzido de franqueados, chegando a contar com até sete unidades simultaneamente”, disse.
“As unidades estão em pleno funcionamento. O projeto de franquias não foi encerrado, ao contrário, segue em andamento, com planos ajustados conforme o momento e as estratégias da empresa.”