/ Jul 04, 2025

Fusões e aquisições crescem com crédito caro – 04/07/2025 – Mercado

Em um momento de crédito caro e endividamento elevado, as empresas brasileiras recorreram mais à realização de negócios como forma de captação de recursos neste ano, com as fusões e aquisições registrando aumento de 14,6% nos primeiros cinco meses ante mesmo período de 2024, segundo dados da PwC.

Entre janeiro e maio, foram fechados 596 negócios, a maior parte deles entre empresas brasileiras e liderados pelos setores de tecnologia (157 fusões e aquisições), entretenimento e mídia (28), serviços de apoio a negócios (27) e consumo (26 operações).

A alta acontece na contramão da queda mundial de fusões e aquisições e deve perder fôlego nos próximos meses. A consultoria e auditoria aponta que as crescentes incertezas domésticas e internacionais vêm fazendo os investidores pausarem as due diligences —análises detalhadas que são realizadas alguns meses antes do fechamento de negócios.

No mundo, a quantidade de fusões e aquisições se reduziu em 9% na primeira metade do ano na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo estimativa da PwC.

No mercado doméstico, o movimento mais forte registrado nos primeiros cinco meses do ano é atribuído às dificuldades enfrentadas pelas empresas brasileiras, que veem na consolidação uma oportunidade de injeção financeira, diz Leonardo Dell’Oso, sócio e líder de negócios da PwC.

Ele aponta que o custo alto dos empréstimos e o mercado com sinal fechado para abertura de capital através de IPOs (Oferta Pública Inicial, na sigla em inglês) são fatores que estimulam parte das empresas a fecharem negócios.

“Há quatro formas de se captar dinheiro. Um deles é aporte próprio, outro é pegar crédito, mas o custo está alto no Brasil. Outra forma é fazer abertura de capital, mas esse é um mercado que está parado desde 2021. E por fim há as fusões e aquisições, que é a possibilidade mais viável hoje para uma parcela das empresas”, afirma o especialista.

A combinação das empresas em uma companhia maior pode resultar em mais poder de mercado, acesso a novos mercados, otimização via novas tecnologias e redução de custos. Isso pode levar a um aumento no valor da empresa combinada e atrair mais investidores.

Além disso, as empresas endividadas precisam lidar com fluxos de caixa menores e veem o seu valor de mercado se reduzir, o que as torna mais baratas e atraentes. “Com os seus valuations [valor estimado do negócio] mais baixos, as empresas tornam-se alvos mais fáceis de potenciais investidores que buscam transações de oportunidade em fusões e aquisições.”

É a mesma avaliação de Rodrigo Guedes, sócio da KPMG. “Houve muitas transações envolvendo empresas brasileiras no início do ano que foram impulsionadas pelas dificuldades pelas quais muitas delas estão passando. É a necessidade de unir forças para se capitalizar”, resume.

A expectativa é que esse cenário favorável à realização de negócios mude nos próximos meses, em meio às crescentes incertezas fiscais do Brasil, evidenciadas pela dificuldade do governo de conseguir receitas para controlar o crescimento do déficit das contas públicas.

Os sinais do Banco Central de que não reduzirá tão cedo a taxa básica (Selic) também se tornaram um fator de dúvida em relação a qual será o impacto de juros altos prolongados sobre a atividade econômica nos próximos anos.

“Sentimos uma desaceleração do interesse do investidor, que está olhando para a taxa de juros em patamar elevado por mais tempo e esperando outros temas se desenrolarem, como a reforma tributária e a tentativa de aprovação do IOF”, afirma Del´Osso, da PwC. “Há uma hesitação na procura, apesar do interesse ainda ser grande”.

O executivo aponta que o interesse estrangeiro também se reduziu nos últimos meses, com a guerra tarifária desencadeada pelos Estados Unidos e a escalada da guerra entre Irã e Israel segurando decisões de investimento. “A avaliação é que o momento é de esperar para ver o que está acontecendo e quais os impactos”, diz Del´Osso.

Para Guedes, da KPMG, muitas empresas estão em compasso de espera. “Vemos uma demora muito grande para tomada de decisão, por causa das dúvidas em torno da economia americana e incertezas geopolíticas na Europa e no Oriente Médio. No Brasil, há receio pelo custo de capital elevado”, afirma.

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