O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinará nesta sexta-feira (4) a lei orçamentária em uma cerimônia com grande pompa que coincide com o Dia da Independência, após obter uma “vitória fenomenal” no Congresso.
O megaprojeto orçamentário do presidente republicano consolida sua agenda radical neste segundo mandato e gerou resistências em seu próprio partido, que finalmente foram superadas para aprovar este “grande e belo projeto de lei”, como foi batizado por Trump.
Trump anunciou que assinará a lei em uma cerimônia na Casa Branca às 16h (17h no horário de Brasília). Os pilotos que lançaram os bombardeios contra o Irã neste mês estão entre os convidados.
“Não poderia haver presente de aniversário melhor para os Estados Unidos do que a vitória fenomenal que alcançamos há apenas algumas horas, quando o Congresso aprovou o grande e belo projeto de lei para tornar a América grande novamente”, disse Trump para os aplausos da multidão na noite de quinta-feira (3) em Des Moines, capital de Iowa.
“Em poucas palavras, esta única e bela lei criará a fronteira mais forte da Terra, a economia mais forte da Terra, o Exército mais forte da Terra e garantirá que os Estados Unidos da América continuem sendo o país mais forte deste belo planeta”, acrescentou no evento que iniciou as comemorações pelos 250 anos de independência dos Estados Unidos.
Os temores apontam que o orçamento pode aumentar a dívida nacional, reduzir o auxílio à saúde e à assistência social, além de servir como combustível para a onda de repressão migratória de Trump.
O projeto foi aprovado por estreita margem na votação final na Câmara de Representantes, por 218 votos contra 214.
O presidente da Câmara de Representantes, Mike Johnson, trabalhou durante a noite para convencer os dissidentes a apoiar a lei.
Em Iowa, Trump previu que a lei transformará o país “em um foguete espacial” e disse que se trata “da maior lei do tipo já assinada”.
PROJETO FISCAL É VITÓRIA DO REPUBLICANO
Com a aprovação, Trump obteve uma nova vitória, que consolida sua visão da política americana, depois das decisões a seu favor da Suprema Corte de Justiça e dos ataques dos Estados Unidos, que levaram a uma trégua no conflito entre Israel e Irã.
Seu extenso projeto de lei já tinha sido aprovado no Senado na terça-feira (1º) e precisou voltar à Câmara para uma ratificação das alterações feitas pelos senadores.
O pacote cumpre muitas das promessas de campanha de Trump, como um aumento nos gastos militares, o financiamento de uma campanha de deportação em massa de migrantes e destina US$ 4,5 trilhões (R$ 24,5 trilhões) para estender seus cortes tributários do primeiro mandato.
Mas espera-se que a norma adicione 3,3 trilhões de dólares (R$ 18,5 trilhões) em uma década ao déficit fiscal do país, enquanto reduz o programa federal de cupons de alimentos para a população vulnerável e gera os maiores cortes no seguro médico Medicaid para americanos de baixa renda desde seu lançamento, nos anos 1960.
No último mês, Trump intensificou a aplicação de sua repressão à imigração e ordenou que militares fossem às ruas de Los Angeles, lançou ataques com bombardeiros furtivos contra instalações nucleares do Irã e fez com que os aliados da Otan se curvassem às exigências dos EUA por grandes aumentos nos gastos com defesa.
Ele também obteve uma vitória importante na Suprema Corte dos EUA, que emitiu uma decisão limitando a capacidade dos juízes federais de emitir liminares nacionais bloqueando políticas da administração.
Ao mesmo tempo, o presidente dos EUA se beneficiou de dados econômicos benignos, o que amenizou as críticas de Wall Street e das empresas americanas aos seus planos comerciais e fiscais.
“Acho que tenho mais poder agora, tenho”, disse Trump em resposta a uma pergunta de um repórter momentos antes de partir de Washington para Des Moines..
“Tivemos um grande histórico de sucesso. Meu primeiro mandato foi muito, muito bem-sucedido, tivemos a maior economia da história do nosso país”, acrescentou Trump. “Acho que vamos superar isso neste mandato”.
A aprovação do “grande e belo projeto de lei” de Trump foi uma reivindicação do presidente —e o sinal mais claro até agora de que ele fortaleceu seu controle sobre um partido Republicano frequentemente dividido.
O projeto de lei foi aprovado no Senado e na Câmara dos Representantes com apenas três republicanos rebeldes na câmara alta e dois na câmara baixa.
Nas horas após o projeto de lei ser aprovado pela Câmara na tarde de quinta-feira (3), o clima na Casa Branca era otimista.
“Obviamente os mercados já estão adorando”, disse um funcionário da Casa Branca aos repórteres. “Acreditamos que é a ponte para a era de ouro da América, verdadeiramente. E agora realmente começaremos a trabalhar para restaurar a prosperidade, a segurança e a proteção deste país por uma geração”.