A queda do preço internacional do petróleo levou a Petrobras a reavaliar a manutenção de um de seus principais ativos em terra, o polo de produção de petróleo Bahia Terra, que chegou a ser posto à venda mas entrou novamente no foco após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O polo compreende campos de produção de petróleo na bacia do Recôncavo Baiano, com produção hoje cerca de 12,4 mil barris por dia. Teve importância fundamental no desenvolvimento da indústria brasileira do petróleo, antes da descoberta de reservas em águas profundas na bacia de Campos.
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou neste sábado (5) que esse ativo faz sentido com petróleo a US$ 100 por barril, mas talvez não seja tão rentável nas condições atuais, com o barril custando em torno de US$ 60 por barril.
“Produz menos do que um poço do pré-sal”, disse ela, citando poços de elevada produtividade em águas profundas, que chegam a 80 mil barris por dia. Ela afirmou, porém, que ainda não há decisão tomada sobre o destino do polo.
O polo Bahia Terra chegou a ser posto à venda e teve proposta de consórcio formado pela Petrorecôncavo e pela Eneva, mas o negócio foi suspenso em 2023, ainda sob a gestão Jean Paul Prates na presidência da Petrobras.
O recuo foi celebrado por sindicatos, que chegaram a fazer uma greve durante o governo Jair Bolsonaro contra vendas de ativos da estatal, principalmente pelo impacto no emprego do setor num dos mais tradicionais polos petroleiros do país.
O coordenador da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Deyvid Bacelar, afirmou na época que a decisão “ratifica o posicionamento do governo federal e da nova gestão da estatal, de que a empresa volta a cumprir seu papel de desenvolvimento econômico e social”.
Bacelar fez parte da campanha de Lula e é sempre chamado a discursar em eventos em que a Petrobras dá palanque ao presidente da República.
Magda foi questionada sobre a possibilidade de rever também a atuação da Petrobras no polo de Urucu, produtor de petróleo e gás no meio da floresta amazônica, que também chegou a ser posto à venda pelo governo Bolsonaro.
Ela afirmou que Urucu tem o melhor petróleo do Brasil, que garante a maior margem para a Petrobras e, por isso, a prioridade agora é avaliar a viabilidade econômica no polo da Bahia.
Magda evitou comentar sobre eventuais mudanças no planejamento estratégico da companhia para acomodar as menores cotações internacionais do petróleo. No mês passado, ela disse que o foco era cortar custos para manter a rentabilidade dos projetos atuais.