/ Jul 08, 2025

Bancos enviam mais de US$ 385 bi para indústria de energia a carvão desde 2021 – 08/07/2025 – Mercado

Os bancos destinaram mais de US$ 385 bilhões (R$ 2,11 trilhões) para a indústria de energia a carvão nos últimos três anos, com fluxos anuais aumentando no ano passado em relação a 2023, de acordo com análise de um grupo de organizações sem fins lucrativos.

Na cúpula climática COP26 em Glasgow em 2021, quase 200 governos concordaram em reduzir gradualmente o uso de carvão e muitos dos maiores bancos comerciais do mundo se comprometeram a descarbonizar seus portfólios. Quatro anos depois, essas promessas não conseguiram fazer diferença nos fluxos financeiros.

“É como se Glasgow nunca tivesse acontecido”, disse Katrin Ganswindt, diretora de pesquisa financeira da organização sem fins lucrativos Urgewald, que foi coautora da análise.

Fonte de energia mais poluente do mundo, o carvão gera mais de um terço da eletricidade mundial, segundo a AIE (Agência Internacional de Energia). Se as usinas a carvão continuarem operando no patamar atual, o aquecimento global superaria a meta de 1,5ºC, estipulada no Acordo de Paris.

Enquanto o fluxo de novos projetos de carvão está diminuindo, o número existente de usinas a carvão não está, relatou a Urgewald.

“Quanto mais cedo reduzirmos as emissões, maiores serão nossas chances de evitar um colapso do nosso sistema climático”, disse Ganswindt.

Fechar usinas a carvão antecipadamente é complicado, particularmente em países em desenvolvimento onde elas costumam ser mais recentes. Com isso, não apenas novas fontes de energia limpa precisam estar prontamente disponíveis, mas os apoiadores financeiros precisam ser compensados. Enquanto isso, os esforços existentes para fechar usinas antecipadamente têm sido postergados, além de enfrentar obstáculos políticos e financeiros.

O retorno de Donald Trump à Casa Branca impulsionou ainda mais a indústria do carvão. No início deste ano, ele assinou uma série de medidas destinadas a expandir o consumo e a produção do minério dentro dos EUA.

Os bancos chineses são os principais financiadores relacionados ao carvão, alocando quase US$ 250 bilhões para a indústria entre 2022 e 2024, de acordo com a Urgewald. Os bancos dos EUA estão em segundo lugar com pouco mais de US$ 50 bilhões no total, liderados pelo Bank of America, JPMorgan Chase e Citigroup.

O Jefferies Financial Group tem o portfólio de carvão com crescimento mais rápido, tendo aumentado seu financiamento em quase 400% no período de três anos, relatou a Urgewald. Na Europa, Barclays e Deutsche Bank lideraram neste quesito.

Um porta-voz do Deutsche Bank disse que o banco reduziu seu envolvimento em setores com emissão elevada de gases nos últimos 10 anos e, em 2024, cortou as emissões associadas a seus empréstimos e investimentos na indústria de mineração de carvão em 42% na comparação com 2021. Um porta-voz do Bank of America disse que a empresa apoia uma ampla gama de clientes em todo o setor de energia.

Porta-vozes do JPMorgan e Citigroup recusaram-se a comentar, enquanto Jefferies e Barclays não responderam aos pedidos de comentário.

Após uma onda inicial de ações para reduzir seu financiamento, alguns bancos relaxaram suas restrições ao carvão nos últimos anos. No final de 2023, o Bank of America substituiu uma promessa de não financiar novas minas de carvão térmico por uma exigência de verificações aprimoradas antes de fazê-lo. No ano passado, o Macquarie Group, da Austrália, afrouxou suas regras em torno do financiamento de carvão usado para fazer aço.

No total, apenas 24 dos 99 maiores bancos globais têm um plano para eliminar gradualmente o financiamento de carvão até 2040, que é o prazo seguro para o clima estabelecido pela AIE. Muitos desses se concentram apenas no carvão usado para gerar eletricidade e ignoram o carvão mais poluente usado para fabricação de aço, que argumentam ser crítico para a infraestrutura que sustenta a transição energética –uma distinção que ignora os padrões de comércio no mercado.

Há sinais de que a reavaliação do carvão por alguns credores está tendo um impacto, disse Barry Tudor, diretor executivo da mineradora australiana Pembroke Resources.

Entre 2020 e 2022, o número de financiadores dispostos a financiar o projeto de carvão para fabricação de aço Olive Downs da mineradora caiu de 20 para cerca de 3. Agora, isso está começando a se reverter.

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