A Apple está em negociações para adquirir os direitos de transmissão da Fórmula 1 nos Estados Unidos após o sucesso de seu filme baseado no campeonato, em um movimento para se estabelecer ainda mais na exibição de esportes ao vivo.
A fabricante do iPhone está desafiando a ESPN da Disney —atual emissora americana da Fórmula 1—, cujo contrato de transmissão fica disponível no próximo ano, segundo duas pessoas por dentro das discussões.
O interesse surge na esteira do sucesso do filme “F1”, estrelado por Brad Pitt, que se tornou o primeiro grande fenômeno de bilheteria da empresa desde que entrou no ramo de produção de conteúdo original para seu serviço de streaming, a Apple TV+.
Os proprietários americanos da Fórmula 1, Liberty Media, esperam que o filme, junto com a série documental “Drive to Survive”, da Netflix, tenha aumentado o valor dos direitos de suas corridas ao atrair públicos mais jovens, femininos e americanos para o esporte.
“F1” gerou cerca de 300 milhões de dólares (o equivalente a cerca de R$ 1,6 bilhão), tornando-se o filme de maior bilheteria da Apple, e representou uma mudança para a produção de blockbusters convencionais após decepções comerciais com “Assassinos da Lua das Flores” e “Napoleão”.
A Apple já fez movimentos no streaming de esportes ao vivo ao fechar, em 2022, um acordo com a Major League Baseball para transmitir os jogos nas noites de sexta-feira, além de um acordo mais amplo com a Major League Soccer da América do Norte.
A série de corridas recebe cerca de 85 milhões de dólares (R$ 464 milhões) por ano de sua atual parceira de transmissão, a ESPN. A F1 também transmite corridas ao vivo em seu próprio serviço de streaming nos EUA, cobrando diretamente dos fãs.
Analistas do banco Citi estimaram anteriormente que o próximo acordo de transmissão da F1 nos EUA poderia valer 121 milhões de dólares (R$ 660 milhões) por ano, embora isso tenha sido antes do lançamento do filme “F1”. Sua receita total global de direitos de mídia cresceu quase 8%, para cerca de 1,1 bilhão de dólares (R$ 6 bilhões) em 2024.
A F1 ainda não tomou uma decisão sobre seus futuros acordos de transmissão, e a ESPN ainda pode manter os direitos, segundo uma pessoa envolvida no assunto.
A ESPN teve um período exclusivo para negociar um acordo sem concorrência de outros licitantes. No entanto, essa janela terminou sem um acordo no ano passado, abrindo o processo para rivais. Espera-se que outros licitantes também busquem os direitos.
Os EUA são um mercado prioritário para a Liberty Media, que adicionou Miami e Las Vegas ao seu calendário de corridas nos últimos anos, complementando seu Grande Prêmio em Austin, no Texas.
A Cadillac, marca americana apoiada pela TWG Motorsports do bilionário financista Mark Walter e pela General Motors, se juntará ao grid como a 11ª equipe em 2026.
As audiências da F1 na ESPN dobraram de 554.000 espectadores por corrida em 2018 —ano seguinte à aquisição da Fórmula 1 pela Liberty Media— para cerca de 1,1 milhão em 2024. Nos primeiros dez eventos deste ano, a F1 teve uma média de 1,3 milhão de espectadores, com audiências recordes para Austrália, China, Mônaco, Espanha, Canadá e Áustria.
A Apple não discrimina a receita da Apple TV+ e de sua produtora Apple Studios, incluindo-as em sua receita anual de serviços de 100 bilhões de dólares (R$ 546 bilhões), que abrange produtos como App Store, iCloud e Apple Pay.
Apple, Liberty Media e Fórmula 1 recusaram-se a comentar.