/ Jul 09, 2025

Surpreendentemente, os preços de imóveis residenciais estão subindo mesmo com juros altos – 08/07/2025 – De Grão em Grão

Sabe aquele amigo que passou anos de chinelo, quieto no canto da sala, e de repente aparece de terno bem cortado e cheio de novidades? Os imóveis residenciais estão vivendo esse momento. Depois de quase uma década andando de lado e crescendo menos que a inflação, eles voltaram a brilhar — e o mais surpreendente: em plena maré de juros altos.

Pelo quarto ano consecutivo, os preços dos imóveis residenciais estão subindo mais do que o IPCA. Segundo o Índice FipeZAP, a valorização acumulada em 12 meses até junho foi de 7,49%, contra uma inflação de 5,37% no mesmo período. E tudo isso em um cenário em que o financiamento está entre os mais caros das últimas duas décadas.

Para entender o contexto, é preciso olhar a linha do tempo. Houve um boom de preços entre 2009 e 2013, impulsionado por crédito farto, crescimento econômico e programas habitacionais robustos. Os imóveis chegaram a subir mais de 25% ao ano. Depois, veio a estagnação: de 2014 até 2021, os preços praticamente empacaram — vários anos registraram desempenho abaixo da inflação e até queda nominal de preços.

A tabela abaixo mostra esse ciclo com clareza:





















Ano Índice FipeZAP (Brasil) IPCA (IBGE) Diferença
2009 +21,13% +4,31% +16,82 p.p.
2010 +26,86% +5,91% +20,95 p.p.
2011 +26,32% +6,50% +19,82 p.p.
2012 +13,03% +5,84% +7,19 p.p.
2013 +13,74% +5,91% +7,83 p.p.
2014 +6,70% +6,41% +0,29 p.p.
2015 +1,32% +10,67% –9,35 p.p.
2016 +0,57% +6,29% –5,72 p.p.
2017 –0,53% +2,95% –3,48 p.p.
2018 –0,21% +3,75% –3,96 p.p.
2019 +0,00% +4,31% –4,31 p.p.
2020 +3,67% +4,52% –0,85 p.p.
2021 +5,29% +10,06% –4,77 p.p.
2022 +6,16% +5,79% +0,37 p.p.
2023 +5,13% +4,62% +0,51 p.p.
2024 +7,73% +4,83% +2,90 p.p.
2025 até junho +7,49% (12 meses) +5,37% (12 meses) +2,12 p.p.

A retomada recente se dá, curiosamente, sem apoio direto do crédito tradicional. Com o custo dos financiamentos elevado, muitos consumidores migraram para o consórcio imobiliário, que possui custo significativamente menor, mas exige maior disciplina financeira. De janeiro a maio de 2025, o volume de crédito comercializado por consórcios de imóveis cresceu 55,8% em relação ao mesmo período de 2024. É um movimento silencioso, mas potente.

Ao mesmo tempo, há escassez de novos lançamentos em áreas valorizadas, um déficit habitacional que persiste e uma percepção renovada de que o imóvel é um ativo de proteção em tempos incertos. Com inflação elevada, cenário fiscal delicado e oscilações cambiais no horizonte, o tijolo parece que voltou a ser visto como reserva de valor.

Muitos investidores apostam que os juros devem começar a cair em 2026. E isso levanta uma questão relevante: se os imóveis já estão se valorizando com crédito caro e financiamento escasso, o que esperar quando o custo do dinheiro voltar a ceder?

Um cenário de juros mais baixos a partir do próximo ano, como o mercado espera, pode reaquecer ainda mais a demanda, ampliar o acesso ao crédito tradicional e pressionar os preços para cima com mais força. O movimento atual, então, pode ser apenas o início de um novo ciclo. Por isso, planejamento é essencial — porque quem espera o cenário perfeito, muitas vezes chega tarde.

É claro que a valorização não é homogênea. Ela se concentra em bairros bem localizados, imóveis de médio e alto padrão e grandes centros urbanos. Mas o recado do mercado é claro: o ciclo de quase 8 anos de baixa virou. E a pergunta que fica é: o seu planejamento já considera esse novo cenário?

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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