Conciliando um dia a dia de incerteza com as contas do mês e o aumento no interesse por investimentos de risco, os brasileiros aparecem em sétimo lugar no ranking internacional de ‘audácia financeira’, de acordo com um levantamento da plataforma BrokerChooser com base em dados do Google Trends de 87 países e do Global Findex do Banco Mundial.
O cálculo da audácia financeira considerou a pontuação do Brasil com base em três indicadores principais: capacidade de poupança, fragilidade financeira diante de despesas e imprevistos e grau de dependência de recursos externos, como empréstimos e apoios informais.
Também foram considerados dados sobre o ambiente regulatório para criptomoedas e ativos digitais em cada país e resultados do Google Trends, nos últimos cinco anos, de buscas pelos termos “como investir”, “comprar cripto” e “stock trading” (negociação de ações).
Em diferentes índices de 0 a 10, o Brasil teve uma pontuação baixa em poupança (3,44) e dependência externa (4,44) e alta em fragilidade financeira (7,33). De acordo com o levantamento, o Brasil tem um índice de poupança nacional bruta de 15,5% do PIB, em 72º lugar.
Entretanto, o Brasil ocupa a 24ª posição entre os países que mais pesquisam “como investir” no Google, 15º lugar nas buscas relacionadas à compra de criptomoedas e 45º em interesse por negociação de ações.
“É um paradoxo que aqueles que são mais financeiramente vulneráveis frequentemente mostrem o maior entusiasmo por oportunidades de investimento de alto risco, vendo-as como um caminho para sair da insegurança econômica”, disse Adam Nasli, analista-chefe da BrokerChooser, em comunicado à imprensa.
“Isso reflete uma ousada disposição para assumir riscos, mas também destaca os perigos de potenciais perdas que poderiam aprofundar as dificuldades financeiras existentes”.
À frente do Brasil no ranking de audácia financeira estão África do Sul (8,63 pontos), Quênia (8,40), Paquistão (8,37), Filipinas (8,30), Índia (8,18) e Egito (8,06). Logo depois do Brasil, aparecem Indonésia (7,88) e, empatados, Argentina, Colômbia e Grécia, todos com 7,81.
Entre os países desenvolvidos, os Estados Unidos ocupam a 24ª posição, com pontuação de 7,23. A França está em 25º lugar, com 7,20, e a Itália em 27º, com 7,18.
Na outra ponta do ranking está a China, com 4,68 pontos, impulsionada por uma taxa de poupança nacional bruta de 43,61% e pela terceira menor dependência em apoio externo em emergências financeiras, com 0,33 ponto, ficando abaixo apenas da Holanda e da Lituânia.
Logo à frente estão Islândia (5,06 pontos), Malta (5,18), Mongólia (5,31), Estônia (5,38), Noruega (5,46), Áustria (5,58), Argélia (5,67), Letônia (5,75) e Suécia (5,90).
A pesquisa também aponta que 46,2% dos brasileiros têm algum dinheiro guardado, e só 20,19% conseguem poupar para a velhice; 49,77% da população está muito preocupada com a capacidade de cobrir as contas do mês, e 54,24% temem não ter como arcar com custos médicos em caso de uma doença grave ou acidente.
Outros 47,29% têm medo de não ter dinheiro para a aposentadoria e 34,99% estão preocupados com a capacidade de pagar mensalidades escolares ou despesas educacionais. Além disso, 8,94% não têm nenhum acesso a fundos de emergência em um prazo de 30 dias.
O levantamento também mostrou a dificuldade em pagar despesas mensais como o maior motivo de preocupação financeira para 34,92% dos brasileiros, seguida por custos médicos em caso de doença grave ou acidente (29,45%), falta de dinheiro na velhice (19,99%) e gastos com educação (3,41%).