Quando se fala em cafeicultura, você pensa em quais estados? Minas Gerais? São Paulo? Espírito Santo? E no Nordeste? Pois é, apesar de ser pioneira no cultivo de café no Brasil, a região não vem logo à mente quando se pensa no assunto.
O Ceará foi um dos primeiros estados a cultivar café no Brasil, pouco após a introdução da rubiácea em solo nacional —a planta foi trazida ao Brasil da Guiana Francesa para o Pará.
O café, contudo, acabou se aclimatando melhor no Rio de Janeiro e, posteriormente, São Paulo e Minas Gerais —hoje o estado que mais produz.
Atualmente, o plantio nos estados nordestinos para além da Bahia é pequeno. Mas, com a crescente gourmetização do setor e uma busca por grãos com mais qualidade, há uma tentativa de resgate da cafeicultura da região.
Isso porque o Nordeste produz grãos com diferentes perfis sensoriais, ainda que em quantidade diminuta.
A área da Chapada Diamantina é a que está mais avançada nesse quesito. Recentemente, inclusive, a região conquistou o selo de indicação geográfica —ou seja, uma chancela conferida pelo INPI que atesta que o café lá produzido tem qualidades únicas.
Agora, outros estados mais ao norte tentam retomar —ou, em alguns casos, iniciar— a cultura cafeeira. No Ceará, por exemplo, a área elevada de Maciço de Baturité, uma das primeiras regiões produtoras do Brasil, cultiva grãos de alta qualidade.
O Rio Grande do Norte começou a despertar para o valor da sua cafeicultura recentemente. O café potiguar foi um dos destaques em um estande do Sebrae na última edição da SIC (Semana Internacional do Café), o maior evento do setor na América Latina, que ocorre anualmente em Belo Horizonte.
Elton Alves, que encabeça esse movimento dentro do Sebrae-RN, afirma que o café potiguar vai além da qualidade e traz histórias e tradições singulares.
Em solo paraibano, pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba desenvolvem projetos para auxiliar produtores no cultivo do café de qualidade.
Em Pernambuco, bem próximo da divisa com a Paraíba, há um brejo de altitude no qual pequenos agricultores têm cultivado cafés premiados. O brejo de altitude é uma formação que consiste em uma ilha de floresta úmida em meio à caatinga.
Descendo um pouco mais, após a divisa com a Bahia, próximo de Juazeiro e Petrolina, há uma região montanhosa conhecida como serra dos Morgados. Após verem a viticultura prosperar na região, produtores começaram a investir no cultivo de café. Apesar de recente, já há colheitas com grãos de alta qualidade.
Apesar disso, é difícil encontrar a maior parte desses grãos em cafeterias do Sudeste. O volume produzido é pequeno, e boa parte dos produtores opta por comercializar na própria região.
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