Pesquisadores do Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa) iniciaram uma nova etapa de testes com o pau-brasil reflorestado, que busca comprovar a viabilidade comercial da madeira cultivada para uso na fabricação de arcos de violino. Isso acontece em meio a uma disputa entre fabricantes nacionais, que sofrem com restrições, e comerciantes do exterior.
O estudo, feito em parceria com a Universidade do Espírito Santo e o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, esperou 18 meses por uma licença ambiental, que agora foi liberada. Isso porque a pesquisa exigiu que sete árvores, com cerca de 20 anos de existência, fossem cortadas para análise.
Desde 2018, a indústria brasileira de arcos enfrenta dificuldades após mudanças na regulamentação da Cites (Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção), que impediram o uso do pau-brasil na fabricação do artefato porque a árvore é uma espécie ameaçada.
Enquanto isso, outros países, como a China, vendem os arcos feitos com a madeira em extinção em sites de compras online. Isso gera desvantagens para o Brasil no comércio internacional, o que foi reconhecido pelo Ibama durante evento no Jardim Botânico do Rio, em 3 de maio, data em que se comemora o Dia do Pau-Brasil.
O governo brasileiro se comprometeu a corrigir essa distorção na COP20 ao colocar o tema em destaque no evento, que acontece em novembro, no Uzbequistão.
A pesquisa com a madeira reflorestado anima músicos no Brasil, que defendem o uso do pau-brasil na fabricação dos arcos de violino porque ele confere características únicas, principalmente para a vibração do instrumento, permitindo mais precisão.
“O Brasil tem a oportunidade de liderar hoje um modelo de sustentabilidade que concilia conservação ambiental e desenvolvimento. Há mais de 500 mil árvores replantadas que podem ajudar o país a retomar seu espaço nesse mercado”, diz Daniel Neves, presidente da Anafima (Associação Nacional da Indústria da Música).
O mercado global de arcos movimenta cerca de US$ 39 milhões por ano, com 2,6 milhões de peças sendo produzidas anualmente —95% delas no mercado chinês, a partir do uso da madeira nativa brasileira.
Com Diego Felix