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Trump impõe 50% sobre produto do Brasil e cita Bolsonaro – 09/07/2025 – Mercado

Dias após pôr em curso uma ofensiva para defender Jair Bolsonaro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu impor uma sobretaxa de 50% ao Brasil e citou o aliado político na carta enviada ao presidente Lula (PT) nesta quarta-feira (9). É a maior tarifa extra entre as 21 anunciadas pelo americano nesta semana.

Segundo Trump, a sobretaxa será imposta, em parte, devido aos “ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos”.

Trump afirma que a forma como o Brasil tem tratado Bolsonaro é uma “vergonha” e que o julgamento contra o ex-presidente é uma “caça às bruxas que precisa ser encerrada”.

O presidente americano ainda cita cobranças tarifárias e não tarifárias do Brasil que seriam injustas na visão do republicano. Ele afirma haver déficit com o país —mas os EUA na verdade têm superávit comercial com os brasileiros.

Após reunião de última hora convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), além do vice-presidente Geraldo Alckmin, o governante brasileiro afirmou que a sobretaxa terá como resposta lei de reciprocidade.

Produtos importados pelos EUA do Brasil são sobretaxados atualmente em 10%, tarifa anunciada por Trump em 2 de abril. Ou seja, além das tarifas de importação já cobradas, há uma cobrança adicional de 10%. Essa alíquota será substituída pela de 50% a partir de 1º de agosto.

Um exemplo é o caso do etanol, de acordo com interlocutores. Os americanos impunham uma tarifa de 2,5% ao produto, elevada a 12,5% após a sobretaxa de 10%. Com o novo anúncio, a porcentagem sobe a 52,5% em agosto.

A sobretaxa não é adicionada a produtos que já sofrem tarifas setoriais, como aço e alumínio, sobre os quais há tarifas de 50%.

Setores brasileiros atingidos pela sobretaxa, como plásticos, agro, carnes, têxtil, calçados e café, afirmaram ter sido pegos de surpresa pela medida e defenderam uma negociação por vias diplomáticas e o distanciamento do Brasil de questões geopolíticas.

Trump determinou que seja aberta uma investigação com base na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974. A apuração permite que os Estados Unidos imponham tarifas sobre quem violar acordos comerciais, o que pode deixar o Brasil sob ameaça de novas cobranças, de sobreaviso, por tempo indeterminado. Esse mecanismo foi usado para impor impostos à China no último mandato de Trump.

No domingo (6), Trump indicou que poderia elevar taxas ao Brasil quando ameaçou impor 10% adicionais aos países do Brics, alegando que o bloco ameaça a soberania do dólar. O republicano, porém, subiu o tom ao vincular as sobretaxas à situação política de Bolsonaro.

Na semana passada, Trump teve uma reunião com assessores em que tratou só da situação brasileira e traçou uma estratégia para pressionar o governo brasileiro e o STF a recuarem no julgamento contra Bolsonaro. A estratégia foi colocada em prática na segunda (7) com uma postagem de Trump defendendo o ex-presidente. Depois, foi reiterada por integrantes do governo, como mostrou a Folha.

“A forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma Caça às Bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!”, escreveu Trump na carta desta quarta.

Trump fala em ordens “secretas e ilegais” emitidas contra plataformas de mídia nos Estados Unidos e violação à “liberdade de expressão de americanos”. Esse trecho se refere a decisões do STF que miram empresas de redes sociais americanas, como a plataforma de vídeos Rumble e a rede Truth Social, de Trump.

“Por favor, entenda que o número de 50% é muito menos do que o necessário para termos o campo de jogo nivelado que devemos ter com seu país. E isso é necessário para retificar as graves injustiças do regime atual”, afirmou Trump.

Em seguida, o presidente americano adicionou um trecho de praxe que tem enviado aos demais países dizendo que, se o Brasil estiver disposto a construir fábricas e produtos nos EUA e abrir o comércio, as tarifas serão revogadas. O americano ainda avisa que, se o país impuser tarifas retaliatórias, os EUA responderão com porcentagem equivalente adicionada aos 50% cobrados pelas importações.

“Como você sabe, não haverá tarifa se o Brasil, ou empresas dentro do seu país, decidirem construir ou fabricar produtos dentro dos Estados Unidos e, de fato, faremos tudo o possível para obter aprovações de forma rápida, profissional e rotineira —em outras palavras, em questão de semanas.”

Mais cedo nesta quarta, antes de mandar a carta, o presidente americano afirmou que o Brasil “não tem sido bom para nós, nada bom” e disse que divulgaria a tarifa até esta quinta.

Na terça (8), a crítica indireta ao Brasil foi feita quando Trump reforçou a ameaça de cobrar mais tarifas de importação de países que compõem os Brics. O grupo, afirmou Trump, tem a intenção de “destruir o dólar”, o que justificaria a imposição de sobretaxas de 10% além das que já foram estabelecidas.

“O Brics foi criado para desvalorizar nosso dólar. Qualquer um que esteja no Brics receberá uma cobrança de 10 %”, disse ao responder a jornalistas durante reunião do seu gabinete na Casa Branca.

“O dólar é rei. Vamos mantê-lo assim. Se as pessoas quiserem desafiá-lo, podem. Mas terão que pagar um alto preço. Não acho que nenhum deles vai pagar esse preço”, afirmou o presidente. Segundo ele, a cobrança começaria “logo”.

Inicialmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o Brics foi ampliado recentemente para 11 países e representa quase metade da população mundial e cerca de 40% do PIB.

VEJA AS TARIFAS ANUNCIADAS NESTA SEMANA












Alíquota País
50% Brasil
40% Laos, Mianmar
36% Camboja, Tailândia
35% Sérvia, Bangladesh
32% Indonésia
30% África do Sul, Bósnia e Herzegovina, Argélia, Iraque, Líbia, Sri Lanka
25% Tunísia, Malásia, Cazaquistão, Brunei, Moldávia, Japão, Coreia do Sul
20% Filipinas

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