/ Jun 10, 2025

App com IA prevê data da morte e sugere como viver mais – 09/06/2025 – Tec

Quando um amigo comentou que havia usado um novo aplicativo com inteligência artificial chamado Death Clock AI para saber quando seu coração pararia, eu também quis descobrir minha data final.

Eu já havia usado um cálculo rudimentar baseado na web quase dez anos atrás, que dizia que meu tempo se esgotaria em 2031 —agora a apenas seis anos de distância! Estava torcendo para que um app que combinasse IA e modelagem estatística para prever minha expectativa de vida comprasse um pouco mais de tempo para mim.

E assim o fez! Fico feliz em informar que não morrerei até 2042, aos 84 anos.

Aqueles primeiros death clocks —ou calculadoras de longevidade— usavam apenas informações básicas para estimar quanto tempo você ainda teria. (A ferramenta online que usei anteriormente fazia quatro perguntas: data de nascimento, índice de massa corporal, status de tabagismo e saúde mental.)

Claro, há outras calculadoras de expectativa de vida —a Administração da Seguridade Social dos EUA oferece uma, assim como seguradoras como John Hancock e Northwest Mutual.

Mas o Death Clock AI é um passo à frente por usar inteligência artificial, alimentada com dados dos usuários e treinada com mais de 1.200 estudos sobre expectativa de vida, permitindo uma previsão mais personalizada da data da morte.

Com isso, o app destaca tanto as promessas quanto os perigos da IA.

Embora a data exata da morte obviamente não seja precisa —o aviso do app diz que é “apenas para diversão”— ele vincula seus hábitos pessoais à probabilidade de viver até a velhice e sugere mudanças no estilo de vida que podem te dar mais tempo. Por isso o lema do Death Clock AI: “Conheça sua data. Mude seu destino.”

Depois de responder a 29 perguntas — incluindo quanto tempo passo sentado por dia, se durmo pelo menos sete horas por noite e se estou em dia com os exames preventivos contra câncer —recebi meu resultado. Um cartão de “Save the Date” em tom de humor ácido sugeriu que eu planejasse minha celebração de fim de vida para 17 de abril de 2042.

Também descobri as causas mais prováveis da minha morte: distúrbios do sono, doenças cardiovasculares ou câncer, nessa ordem. Claro, câncer e doenças cardíacas são os maiores assassinos nos EUA. Mas me surpreendeu o quanto os problemas com o sono são prejudiciais.

Fiquei contente por ganhar mais 17 anos em vez de apenas 6, mesmo sabendo que o cartão “Save the Date” é só marketing. O fundador e CEO do app, Brent Franson, é direto sobre o valor real da ferramenta: ajudar a entender melhor como mudanças de estilo de vida podem impactar nossa longevidade.

Por exemplo, vi que se eu comer mais frutas e vegetais, dormir melhor e me exercitar mais, poderia ganhar mais cinco anos de vida, totalizando 22 a mais. (Outra questão é se eu realmente gostaria de viver até os 90, lembrando da queixa da minha mãe de que ser a última entre amigos e familiares ainda viva não é exatamente divertido.) Por outro lado, começar a fumar ou comer mais fast food adiantaria meu adeus.

Mas a gente já não sabe que fumar faz mal e que exercício e brócolis fazem bem? Sim, mas ver uma data de validade possível para si mesmo é uma mensagem impactante, que escancara os efeitos dos seus hábitos.

Perguntei a Franson, de 42 anos, o que o quiz dele revelou. Ele descobriu que morrerá aos 78, o que está dentro da expectativa de vida comum de um homem branco nos EUA. Por um lado, ele disse: “Me considero bem saudável.

Tenho 42 anos, sou ativo, acho que me alimento bem. Quase não bebo.” Mas, acrescentou, sua taxa de A1C (que mede a média de glicose no sangue nos últimos dois a três meses) está “um pouco alta”, assim como colesterol e pressão, o que indica que a saúde do coração pode ser uma preocupação. O app, disse ele, “está me fazendo enxergar isso de forma clara. Tenho que levar isso muito a sério.”

Tive uma reação parecida. Eu sei que durmo mal, e sei o quanto o sono é importante. Mas quando vi que distúrbio do sono é a causa mais provável da minha morte, tive um momento de “eureka”. Saber que melhorar meu sono pode eliminar meu maior risco talvez me motive a fazer algo a respeito —como manter uma rotina regular, evitar refeições pesadas antes de dormir, tirar as telas do quarto e limitar os cochilos.

Perguntei a Arthur Caplan, bioeticista da NYU, o que achava do Death Clock AI. Caplan, de 75 anos, me disse que o app previu que ele viverá mais 14 anos. Mas alertou que muitos outros fatores influenciam a expectativa de vida, incluindo a genética, que determina riscos para certas doenças.

Na verdade, disse Caplan, “a maior parte da sua longevidade é determinada pela renda dos seus pais, seu nível de escolaridade, se você tem trabalho, se mora perto de refinarias químicas poluentes ou de uma usina radioativa que despeja algo na sua água.” A maioria desses fatores não pode ser alterada, então o app nem pergunta sobre eles. O objetivo, segundo Franson, é “perguntar sobre coisas que as pessoas podem mudar”.

Outros especialistas concordam que há preocupações quanto a um app que dá uma data de morte, inclusive por possíveis efeitos negativos sobre a saúde mental e o planejamento financeiro.

Ryan Zabrowski, planejador financeiro, disse: “Uma das maiores preocupações de aposentados é o risco de sobreviver ao próprio dinheiro. Uma ferramenta como o Death Clock AI pode ajudar as pessoas a tomar decisões financeiras mais inteligentes.” A menos, é claro, que a previsão esteja errada.

Ainda assim, receber um lembrete de que temos algum controle sobre nossa saúde —e, possivelmente, sobre nossa longevidade— é importante.

Especialistas alertam que qualquer um que insira dados pessoais em um app deve ter cuidado. O passo final e opcional no Death Clock AI é um teste gratuito do seu Plano de Longevidade (US$ 39 ou R$ 217 por ano), que permite subir dados de saúde para ajuda personalizada. Mas a política de privacidade do app diz que as informações fornecidas podem ser compartilhadas com parceiros comerciais (consultores de segurança, analistas, processadores de pagamento), além de anunciantes, marqueteiros e corretores de dados.

Franson afirma que sua empresa não está vendendo os dados e que o foco é o modelo de assinaturas. Ele acrescentou: “Acho que, no fim, o modelo de negócios precisa evoluir, porque nem todo mundo gosta de pagar por assinatura” —sugerindo que a empresa pode fechar parcerias para divulgar produtos como vitaminas ou rastreadores de sono, o que é uma prática comum.

Ainda assim, quando o assunto é privacidade, o diabo mora nos detalhes. A política de privacidade da empresa afirma: “Todos os seus dados pessoais que coletamos podem ser transferidos a terceiros em caso de fusão, aquisição, falência… em que essa parte assuma o controle do nosso negócio (total ou parcial).” Então, atenção redobrada.

Ao terminar esta coluna, fiquei curioso sobre o que a ferramenta da Seguridade Social americana, que usa só duas perguntas (idade e sexo), diria sobre minha expectativa de vida. Basicamente o mesmo que o Death Clock AI — me restam 17 anos. Mas quem pode saber ao certo?

Vou tentar viver sem arrependimentos, como se cada dia fosse o último.

Notícias Recentes

Travel News

Lifestyle News

Fashion News

Copyright 2025 Expressa Noticias – Todos os direitos reservados.