/ Jul 02, 2025

Guerra comercial deve frear crescimento de emergentes – 10/06/2025 – Mercado

A guerra comercial global impulsionada pelos Estados Unidos deve frear o crescimento de quase dois terços das economias em desenvolvimento neste ano, segundo previsões do Banco Mundial. A instituição alertou que a globalização, responsável por um “milagre econômico” em muitos países, está agora em retrocesso.

De acordo com o mais recente relatório de perspectivas econômicas do Banco Mundial, os países emergentes e em desenvolvimento devem crescer 3,8% em 2025 —uma queda em relação aos 4,2% registrados em 2024, colocando a taxa de expansão mais de um ponto percentual abaixo da média dos anos 2010.

O crescimento da renda per capita nesses países será de 2,9% este ano, também mais de um ponto percentual abaixo da média entre 2000 e 2019. Segundo o banco, o crescimento global como um todo será o mais lento desde 2008, excetuando os períodos de recessão.

O relatório destaca os prejuízos causados pelo ataque ao comércio global liderado por Donald Trump, especialmente para os países que mais se beneficiaram da integração econômica nas últimas décadas. O crescimento do comércio global de bens e serviços deve desacelerar fortemente em 2025, caindo para 1,8% ante os 3,4% anteriores.

O PIB per capita nos países em desenvolvimento quase quadruplicou nos últimos 50 anos, tirando mais de 1 bilhão de pessoas da pobreza extrema. Mas essa transformação está agora sob ameaça, à medida que essas economias se encontram “na linha de frente de um conflito comercial global”, segundo o Banco Mundial.

“Fora da Ásia, o mundo em desenvolvimento está se tornando uma zona sem desenvolvimento”, alertou Indermit Gill, economista-chefe do banco.

“O crescimento nas economias em desenvolvimento tem diminuído há três décadas —de 6% ao ano nos anos 2000, para 5% nos anos 2010 e menos de 4% nos anos 2020”, acrescentou.

A pressão é agravada pela queda pela metade nos fluxos de investimento estrangeiro direto para essas economias em relação ao pico de 2008. O Banco Mundial alertou que os riscos negativos prevalecem, incluindo a escalada nas barreiras comerciais, incertezas políticas persistentes e tensões geopolíticas crescentes.

A entidade agora prevê que o PIB per capita dos países ricos estará aproximadamente no mesmo nível que o esperado antes da pandemia de Covid-19, enquanto os países em desenvolvimento estarão 6% abaixo. Desconsiderando a China, “pode levar cerca de duas décadas para essas economias recuperarem as perdas econômicas dos anos 2020”, diz o relatório.

“O mundo precisa de cooperação global para restaurar um ambiente comercial mais estável e transparente, além de ampliar o apoio aos países vulneráveis que enfrentam conflitos, dívidas e mudanças climáticas”, conclui o Banco Mundial.

No mês passado, o banco central do México —um mercado emergente fortemente ligado à economia dos EUA— reduziu suas previsões de crescimento para quase zero este ano.

O Banco Central da África do Sul também alertou recentemente que o crescimento esperado de 1,2% para o país mais industrializado do continente está ameaçado, já que “a combinação de barreiras comerciais mais altas e incerteza elevada tende a enfraquecer a economia mundial”.

Gita Gopinath, primeira diretora-gerente do FMI, disse ao jornal Financial Times no mês passado que as economias emergentes enfrentam um desafio ainda mais difícil do que durante a crise da Covid-19, devido ao impacto imprevisível das tarifas sobre suas economias e ao risco de fuga de capitais.

Apesar dos alertas, investidores têm aproveitado uma valorização nos grandes mercados emergentes este ano, impulsionada pelo enfraquecimento do dólar e pela aposta de que o pior das tarifas de Trump será revertido.

O real subiu 11% em 2025 frente ao dólar, mais do que o franco suíço ou o euro, enquanto o peso mexicano e o dólar taiwanês acumularam alta de quase 10%.

Títulos em moeda local e ações de mercados emergentes também tiveram alta de cerca de 10% no acumulado do ano, ficando atrás apenas das ações europeias como os ativos com melhor desempenho global.

Embora muitos investidores esperassem no início do ano que as economias asiáticas emergentes fossem duramente atingidas pelas tarifas dos EUA sobre suas exportações, suas moedas acabaram se valorizando.

Poupadores e seguradoras desses países, que investiram massivamente em ações e títulos norte-americanos nos últimos anos, agora estão se afastando dos ativos em dólar.

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