O governo do Reino Unido anunciou nesta terça-feira (10) que gastará até 14,2 bilhões de libras (R$ 105,81 bilhões) na construção de uma usina nuclear, projeto que deverá criar 10 mil empregos e ajudar a iluminar 6 milhões de residências.

A decisão provavelmente significa que a gigantesca usina chamada Sizewell C, cujo local na costa leste de Suffolk foi identificado pela primeira vez pelo governo em 2009, receberá sinal verde. Grande parte do financiamento virá do governo.

O grupo estatal francês EDF construirá a usina. De acordo com um registro recente, ela possui 12% do projeto, com o governo britânico detendo o restante. O Reino Unido espera atrair outros financiamentos.

As usinas nucleares podem custar dezenas de bilhões de dólares para serem construídas, mas recuperaram o prestígio nos últimos anos no Reino Unido e em outros lugares porque produzem grandes volumes de energia elétrica constante com poucas emissões. As usinas também são vistas como uma forma de aumentar a segurança energética.

O surgimento da inteligência artificial, com a crescente demanda por data centers para rodar esses sistemas, também aumentou o apelo pela energia nuclear, que representou cerca de 14% do fornecimento de eletricidade do Reino Unido no ano passado.

Ao anunciar o financiamento para a usina de Sizewell, o governo britânico também informou que escolheu a Rolls-Royce SMR, uma unidade do fabricante de motores de aeronaves, como a “licitante preferencial” para construir os chamados pequenos reatores nucleares modulares em parceria com uma empresa estatal chamada Great British Energy.

O governo disse que planeja gastar 2,5 bilhões de libras (R$ 18,8 bilhões) nessas usinas menores, que estão sendo projetadas para serem construídas principalmente em fábricas em vez de locais de obras, teoricamente reduzindo os custos de mão de obra.

O Reino Unido também disse que gastaria um valor semelhante em fusão nuclear, uma tecnologia que poderia produzir grandes volumes de energia limpa se algum dia atingir viabilidade comercial.

“Precisamos de nova energia nuclear para proporcionar uma era dourada de abundância de energia limpa”, disse o secretário de energia britânico, Ed Miliband, em um comunicado.

A EDF enfrentou grandes desafios na outra grande usina nuclear em construção no Reino Unido, conhecida como Hinkley Point C, cuja conclusão foi adiada por muitos anos enquanto os custos dispararam. O preço final pode exceder 40 bilhões de libras (R$ 300,81 bilhões).

Os defensores de Sizewell C dizem que a experiência de construir Hinkley Point reduzirá o custo da nova usina. Ainda assim, o preço final provavelmente chegará a dezenas de bilhões de libras.

Mas Alison Downes, diretora do Stop Sizewell C, um grupo contrário à construção da usina, disse que eles ainda têm esperança de que investidores e futuros governos possam evitar um empreendimento tão caro. “Esta é uma enorme quantidade de dinheiro para algo que, para todos os efeitos, é uma proposta extremamente arriscada”, afirmou.

A nova usina ficará próxima a Sizewell B, que começou a operar em 1995 e foi a última central nuclear concluída no Reino Unido.

O país tem uma forte classificação em pesquisa nuclear, mas especialistas do setor dizem que, durante seu longo hiato, as habilidades dos britânicos na construção nuclear se perderam, uma razão fundamental para os custos elevados. A indústria nuclear nos Estados Unidos também enfrentou aumentos de custos.

Ainda assim, o governo britânico vê as usinas nucleares como uma opção atraente porque espera-se que a demanda por energia elétrica aumente, e as usinas existentes estão envelhecendo e sendo gradualmente desativadas.