A paridade entre homens e mulheres chegou ao melhor nível desde a pandemia de Covid-19. Mas essa melhora significa que a igualdade deve levar 123 anos para se concretizar, segundo a 19ª edição do relatório Global Gender Gap Report (relatório global de disparidade de gênero, em tradução livre), do Fórum Econômico Mundial.
O relatório mede o nível de paridade entre homens e mulheres, levando em conta aspectos econômicos, políticos, de saúde e de educação para compor o quadro geral dos 148 países incluídos. Cada país é avaliado em um percentual de 0 (nenhuma paridade de gênero) a 100 (paridade total de gênero).
Na economia, são levados em consideração aspectos como a participação na força de trabalho, a equidade salarial, salário estimado. Os dados são de bases da Organização Internacional do Trabalho, do Banco Mundial e do próprio Fórum Econômico Mundial.
Na política, é observada a quantidade de parlamentares e ministras mulheres, além da presença de mulheres como chefes de estado. Os dados são da Organização das Nações Unidas e do próprio Fórum.
Na saúde, dados do Banco Mundial e da Organização Mundial da Saúde baseiam os indicadores de expectativa de vida e a proporção de meninas e meninos nascidos.
Taxa de analfabetismo e nível de escolaridade vindos de dados da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), compõem o quadro geral da educação.
Cada um desses aspectos é medido na escala de disparidade que vai de 0 a 100%.
Em 2025, o percentual de paridade foi de 68,8%, 0,3 pontos percentuais a mais do que em 2024.
A pandemia de Covid-19 teve um impacto grande na disparidade entre homens e mulheres. No relatório do Fórum Econômico Mundial de 2020, a estimativa para a superação da lacuna entre os gêneros era de cem anos.
Apesar de o relatório deste ano indicar o melhor nível de paridade desde então, o mundo ainda não recuperou o ritmo pré-pandêmico de avanço para as mulheres.
Neste ano, o aspecto econômico é o que mais pesa na melhoria dos indicadores, tendência que vem desde o relatório de 2024. As mulheres representam 41,2% da força de trabalho do mundo —mas só 28,8% delas chegam a posições de liderança, mesmo sendo mais escolarizadas do que os homens. Segundo o relatório, mesmo as mulheres mais escolarizadas são menos de um terço da liderança.
A paridade na força de trabalho, que viu um baque significativo durante a pandemia, já apresentava melhora no relatório do ano passado: de 62,3% de paridade na pandemia foi para 65,7%.
As mulheres também são 55,2% mais propensas que homens a fazer pausas na carreira e passam, em média, um ano e meio a mais fora do mercado de trabalho.
Países ricos tendem a ser mais igualitários, segundo o relatório. Na média, estão em 74,3% de igualdade. Os países mais pobres ficam em 66,4%, mas têm avanços mais rápidos em direção à paridade. Segundo o Fórum, é sinal de que enriquecimento não é o único caminho para a melhoria e políticas estratégicas têm impacto.
Dos países ricos, a Arábia Saudita se destacou na redução da disparidade. Dos mais pobres, chamam a atenção os avanços em Bangladesh e no Equador. Na média, o mundo deve levar 135 anos para atingir a paridade econômica entre homens e mulheres.
Avanços na política também carregam a melhora do indicador geral, embora a área seja o maior desafio detectado pelo estudo –educação e saúde apresentam níveis médios próximos da paridade, acima de 95%.
Na política, houve aumento de nove pontos percentuais em direção à paridade desde que o Fórum Econômico Mundial começou a produzir esses estudos, em 2006. Hoje, 22,9% da paridade foi atingida.
A Islândia é o país com menor disparidade (92,6%) pelo 16º ano consecutivo. É a única economia com mais de 90% de paridade de gênero.
Em termos de regiões, América Latina e Caribe –agrupados no relatório– apresenta o progresso mais rápido. No relatório deste ano, a região foi a terceira melhor colocada, com 74,5%.
A Europa, apesar de dominar o top 10, ficou em segundo lugar no ranking regional, com paridade em 75,1%. Quem lidera o ranking é a América do Norte, com 75,8% de paridade de gênero alcançada, alavancada pela performance econômica com 76,1% de igualdade.
O Oriente Médio e África do Norte é a pior região do ranking, com 61,7% de paridade entre homens e mulheres. O relatório destaca, porém, que a melhora desde 2006 é significativa, de mais de oito pontos percentuais.