O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a atacar a mineradora Vale nesta quinta-feira (12), em um evento sobre o acordo de reparação da tragédia de Mariana, em Minas Gerais.
Ele criticou o fato de a empresa ser uma corporation —sem controlador definido—, mas afirmou que a atual diretoria é melhor que a anterior.
“A Vale, se fosse uma pessoa, estava garantido o espaço nas profundezas não sei do quê. A Vale era uma empresa muito boa no passado, depois que virou corporation, não tem mais dono. Eu queria dizer que a diretoria passada é responsável, hoje a nova diretoria da Vale está conversando com governo, quer conversar com movimento, sindicato, ela é do Brasil, não é o Brasil que é dela”.
Lula disse que, após a celebração do acerto de R$ 170 bilhões, as responsabilidades da reparação da tragédia agora recaem sobre o governo, não mais sobre a mineradora.
Também presente na cerimônia, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, criticou de maneira ainda mais ostensiva a mineradora. Ele afirmou que a empresa tem uma “obrigação moral” com o futuro de Minas.
“De que adianta fazer do Pará um case de sucesso, enquanto os municípios mineiros agonizam? A Vale deve acordar dessa letargia típica das corporations, empresa sem rosto, sem alma”, disse o ministro durante o evento em Mariana, cidade localizada a 110 quilômetros de Belo Horizonte.
Nos últimos meses, a Vale tem tentado se aproximar do governo federal. Uma das medidas nesse sentido foi a criação da diretoria de relações institucionais, ocupada pelo jornalista Kennedy Alencar, que já foi assessor de imprensa de Lula e tem bom trânsito no PT. Ele estava presente no palco da cerimônia nesta quinta em Mariana.
Também nesta quinta, em Mariana (MG), Lula criticou o volume de benefícios fiscais concedidos pelo governo e ironizou ao dizer que, para empresários ou banqueiros, esse tipo de despesa é investimento, enquanto aquelas com benefícios sociais são gastos. O petista voltou a dizer que tem a preferência de governar para o povo que mais precisa, e afirmou que não foi eleito “para fazer benefício para rico”.