/ Jun 15, 2025

Paradas do orgulho LGBT têm apoio de pequenas empresas – 14/06/2025 – Mercado

Em maio, Ryan Jones, proprietário de uma pequena empresa em San Francisco, se viu fazendo um apelo inesperado a outros comerciantes. A Parada do Orgulho de San Francisco estava em apuros e precisava da ajuda deles.

A empresa de Jones, uma padaria chamada Hot Cookie, nunca havia doado dinheiro para o festival anual que celebra a vida LGBTQ+. Mas quando soube que grandes empresas como Comcast e Anheuser-Busch não estavam renovando seus patrocínios, deixando uma lacuna de financiamento de mais de US$ 1 milhão, ele se sentiu na obrigação de agir.

“Perguntei a mim mesmo o que posso fazer para apoiar”, disse Jones sobre o festival, que será realizado de 28 a 29 de junho. Ele e seu sócio decidiram doar 5% das vendas dos cookies mais populares da padaria para o evento deste ano, além de tentar que outros negócios locais fizessem algo semelhante.

Em todo o país, os eventos do Orgulho estão enfrentando dificuldades. Grandes empresas têm retirado o financiamento dos festivais, parte de um recuo das iniciativas de diversidade que aumentou durante a segunda administração Trump. Em resposta, empresas locais estão ajudando a compensar parte do déficit. Muitos veem isso como uma forma de defender não apenas as pessoas LGBTQ+, mas também o que a celebração anual significa para suas economias locais.

Em San Francisco, a Parada é um festival multimilionário que atrai centenas de milhares de visitantes, dezenas de atrações musicais e centenas de vendedores de alimentos. O evento, por sua vez, tornou-se um poderoso motor econômico, gerando uma estimativa de US$ 350 milhões em 2015, a última vez que a cidade realizou um estudo sobre seu impacto econômico. Agora, muitas empresas locais, incluindo hotéis, restaurantes, bares e varejistas, estão preocupadas com o que significaria se o festival tivesse que ser reduzido.

A Hot Cookie, cujos produtos assados incluem biscoitos com design provocativo e “sexualmente positivo”, viu suas vendas aumentarem 30% durante a Parada do ano passado, disse Jones. Ele espera que o apoio de empresas locais como a sua mantenha o evento “viável, saudável e vibrante”.

A Parada do Orgulho Gay de Twin Cities, em Minneapolis e St. Paul, viu uma diminuição de US$ 690 mil em financiamento corporativo este ano em comparação ao ano anterior. A Deloitte, que havia sido patrocinadora por quatro anos, não renovou seu patrocínio este ano, disse Andi Otto, diretora executiva desse evento. E o festival cortou laços com a Target devido ao recuo da empresa das iniciativas de diversidade.

Doações de pequenas empresas, indivíduos e organizações sem fins lucrativos quase compensaram essa queda de financiamento —o evento está agora US$ 25 mil abaixo de sua meta de US$ 1,4 milhão.

“Acho que uma das maiores lições aprendidas é que as pequenas empresas definitivamente veem o valor e a necessidade de apoiar uma comunidade como a nossa”, disse Otto. Essas empresas doaram coletivamente US$ 93 mil para a Parada de Twin Cities este ano este ano, acima dos US$ 25 mil em 2024. No próximo ano, Otto espera dedicar mais tempo à arrecadação de fundos delas.

Entre esses pequenos doadores está Becky McNattin, proprietária de uma clínica de saúde mental em Minneapolis. Ela disse que seus pacientes LGBTQ+ estavam tendo ansiedade devido às políticas da administração Trump —incluindo a proibição de pessoas transgênero servirem nas forças armadas e a afirmação de que o governo federal reconhece apenas dois sexos, masculino e feminino.

Seu “desgosto” com os medos dos pacientes a levou a doar US$ 10 mil para a Parada de Twin Cities este ano —cinco vezes o valor que havia doado no ano passado.

McNattin observou que ter o nome de sua clínica de terapia exibido no festival também a expôs a potenciais clientes. Um estudo de 2018 constatou que a Parada de Twin Cities gerou US$ 13,4 milhões em atividade econômica.

Durante a semana do Orgulho do ano passado, os hotéis em Minneapolis arrecadaram mais de US$ 11,6 milhões em receita total —sua terceira maior receita semanal— de acordo com a empresa de dados de viagens Smith Travel Research.

Alguns veem o foco renovado nas pequenas empresas como um retorno às raízes dos festivais. As primeiras paradas do Orgulho foram realizadas em 1970 para comemorar o aniversário dos tumultos de Stonewall, que eclodiram depois que a polícia de Nova York invadiu um bar gay em Greenwich Village.

Durante as décadas de 1970 e 1980, as paradas do Orgulho eram marchas mais improvisadas, dependendo de doações de indivíduos e pequenas empresas, particularmente aquelas com proprietários LGBTQ+.

O papel desses negócios regionais foi ofuscado no final dos anos 1980 e 1990, quando grandes corporações como Absolut Vodka e IKEA buscaram aproveitar o crescente poder de compra da comunidade LGBTQ+, disse Marc Robert Stein, um historiador da Universidade Estadual de San Francisco especializado em história social dos EUA.

À medida que os patrocínios corporativos cresceram, os orçamentos da Parada do Orgulho Gay se expandiram. A Parada de San Francisco, por exemplo, visava arrecadar US$ 3,2 milhões este ano, com US$ 1,2 milhão cobrindo apenas o custo de seguro, segurança e serviços médicos.

Outros custos incluem o pagamento de funcionários e artistas e o aluguel de espaços para eventos; este ano, US$ 200 mil dólares estão reservados para músicos que se apresentam no palco principal.

A 4 Hands Brewing Co., está doando US$ 1 para cada caixa de cerveja light lager e cerveja pale ale americana vendida pela cervejaria.

Liz Swyers, diretora de marketing da 4 Hands, disse que a decisão de sua empresa de apoiar a Parada foi para mostrar que existem pequenas empresas dispostas a “defender o que é certo e apoiar as pessoas que vivem em St. Louis”.

Os laços mais estreitos com empresas locais podem ser o lado positivo da crise de financiamento, disse Eve Keller, presidente da Associação de Orgulho dos EUA.

“Acho que é isso que estamos tentando construir: relacionamentos mais profundos com organizações que correspondem aos seus valores, que não abandonam quando as coisas ficam difíceis”, disse.

Segundo Keller, também é uma mudança bem-vinda para aqueles que veem o apoio corporativo ao Orgulho mais como uma questão de lucro do que de igualdade para a comunidade.

“A pressão contra a ‘lavagem arco-íris’ está por trás da Parada do Orgulho há algum tempo”, disse Keller, acrescentando que muitas pessoas “estão querendo voltar ao lado dos protestos da Parada do Orgulho por causa dos ataques à comunidade trans e não binária no momento”.

Ainda assim, apesar do potencial de construir relacionamentos mais próximos com parceiros locais, a economia das grandes paradas do Orgulho pode não funcionar sem grandes patrocinadores, pelo menos no curto prazo.

Em São Francisco, que enfrentou uma lacuna de financiamento de mais de US$ 1 milhão em março, o papel que as pequenas empresas desempenharam na arrecadação de fundos foi importante. Mas grandes corporações locais como Salesforce e Levi’s tiveram o maior impacto na redução desse buraco financeiro para US$ 180 mil dólares, disse Suzanne Ford, diretora executiva do Orgulho de São Francisco.

“Entendo por que alguém gostaria de voltar a ter um protesto e marchar pela Market Street”, disse Ford. “Eu preferiria muito mais pedir dinheiro a bons parceiros corporativos e pagar aos artistas queer e ser o motor econômico que o Orgulho de São Francisco é.”

Notícias Recentes

Travel News

Lifestyle News

Fashion News

Copyright 2025 Expressa Noticias – Todos os direitos reservados.