/ Jun 15, 2025

Não comprei um iate para ostentar, diz CEO – 14/06/2025 – Painel S.A.

O estilista Jorge Bischoff começou a vida como operário em uma fábrica de sapatos, no Rio Grande do Sul. Acabou construindo uma marca própria, que carrega o sobrenome da família, que já conta mais de duas décadas, exporta para 60 países, e nem divulga faturamento.

Ele afirma que seu negócio corre à margem da situação econômica devido ao alto poder aquisitivo de seus clientes. Disse que nunca perseguiu o dinheiro e que ele chegou em sua vida como consequência pela dedicação no trabalho.

Apaixonado pelo mar, Bischoff acaba de comprar um iate da marca italiana Azimut, por R$ 15 milhões, seu novo brinquedo. “Se eu tivesse uma condição financeira melhor, comprava um jatinho”, disse.

Jatinho, iate e helicópteros são objetos que, no Brasil, são de ostentação. É o seu caso?

Só não tenho um jato porque ainda não chegou a minha condição financeira. E, se comprar, eu não estarei pensando em ostentar. Uso o meu barco [o atual está à venda enquanto o novo não chega] para meu prazer. Também tenho uma coleção de carros e lambretas antigos e restaurados, todos funcionando. Hoje, optei pelo barco. Talvez amanhã eu vá para um helicóptero. É uma questão de estilo de vida. Além disso, o barco não desvaloriza, é um bom investimento.

É mais comum ver pessoas de classe média nos EUA e Europa com um barco de luxo. Por quê?

Porque, no Brasil, tudo é um pouco mais difícil. Aqui se paga muito em imposto. Nos EUA, provavelmente, se eu fosse comprar um barco, custaria a metade do valor.

Quanto custou esse iate?

R$ 15 milhões.

Pagou à vista?

Nesse mercado, é comum dar um sinal, uma entrada, de 10%, e a diferença você paga depois.

Financiou o restante?

Existem financiamentos, leasing [arrendamento]. É como comprar um carro. Eu dei o sinal e, no dia que entregarem o barco, liquido.

Há um pessimismo no empresariado com a situação econômica. O senhor está entre eles?

Estou bem satisfeito. Tenho 140 lojas, abri mais uma em Manaus (AM) e outra em Lucas do Rio Verde (GO). Nosso volume de produção entre sapatos, bolsas e acessórios chega a 2 milhões de itens no ano. Exporto para 60 países, cerca de 20% da nossa receita vem daí. A marca está muito consolidada e temos independência da situação econômica.

Como assim?!

Como trabalhamos com o consumidor de alto valor, a gente não depende desse dia a dia de receitas. Além disso, nosso produto é barato para essa consumidora que, antes, comprava tudo nos EUA e na Europa quando o dólar estava viável. Hoje ele é totalmente inviável. Muitas compras do exterior acabam sendo feitas no Brasil e fica até mais acessível.

Qual seu faturamento?

O número é fechado.

Os juros elevados não afetam seu negócio?

Sim. Hoje não dá para financiar absolutamente nada. O fornecedor diminui a quantidade de parcelas para fazer a venda. Se parcelar, aumenta juros e isso vai para o preço.

O encolhimento da economia me parece ter sido de propósito para segurar a inflação. Sou estilista, não sou economista, mas sei o quanto isso prejudica o consumo. Acho que essa política não é correta.

Acha que esse governo busca reverter essa situação?

Não vejo nenhuma possibilidade. Todo dia se fala em aumentar impostos. E, quando isso ocorre, tudo fica mais caro. Existe essa leitura de que quem paga imposto é empresário. Empresário repassa imposto. Quem paga é o consumidor. Seja na comida, na gasolina, no ônibus, na Uber.

Vê espaço para que a direita volte ao poder?

Não quero dizer que seja de direita ou de esquerda. O próximo governo precisa ser sério e pensar no consumidor, no bem-estar da população.

Como fazer fortuna em um país assim?

Nunca fui focado em dinheiro. Ele sempre foi uma consequência. Venho de uma família muito pobre e ele faltou lá no meu passado. Comecei como sapateiro, trabalhando em fábrica. O dinheiro veio como resultado de um trabalho bem feito, com prazer e alegria em fazer as coisas. O dinheiro é muito desgraçado. Se você corre atrás dele, ele corre mais de você, sempre. Se fizer tudo bem feito, me parece que o dinheiro acompanha nisso.


RAIO-X

Jorge Bischoff

Igrejinha (RS), 1965— Começou a trabalhar como cortador de couro aos 11 anos em sua cidade natal, um conhecido polo calçadista. Em 1996, fundou sua marca motivado por um colega que o estimulou a apostar no seu talento. Hoje é dono de diversos negócios. Abriu um marca com preços mais em conta para lojas multimarcas, a Loucos & Santos, e adquiriu uma participação em uma vinícola na Argentina, que produz rótulos Bischoff.

Com Stéfanie Rigamonti


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