O preço do ovo de galinha caiu 3,98% em maio, segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). No acumulado do ano, porém, a inflação do produto ainda é de 24,83%; e nos últimos 12 meses, de 13,5%.
“O preço dos ovos segue sazonalidade, assim como qualquer outro alimento, e pode eventualmente apresentar novas elevações, a depender do cenário de mercado”, afirma a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).
Segundo a entidade, a redução dos preços em maio já era esperada. Durante a quaresma —período entre o Carnaval e a Páscoa em que muitos cristãos restringem o consumo de carne— a demanda por ovos costuma aumentar, o que pressiona os preços para cima. Passada essa fase, a procura diminui e os valores tendem a recuar.
Esse movimento de queda foi registrado em todas as regiões metropolitanas analisadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), indicando um recuo generalizado no mês. Apesar disso, os preços continuam elevados em relação ao início do ano, refletindo o impacto das altas acumuladas no primeiro trimestre.
VEJA CAPITAIS ONDE O PREÇO DO OVO MAIS CAIU EM MAIO
- Rio Branco (AC): -9,09%
- Salvador (BA): -7,63%
- Belém (PA): -6,43%
- Recife (PE): -6,25%
- Campo Grande (MS): -6,17%
As menores quedas foram registradas em Fortaleza (CE), com -1,99%, seguida por São Paulo (SP), com -2,1%, e Curitiba (PR), com -3%. Isso significa que, nestas cidades, o preço se manteve mais estável.
VEJA CAPITAIS ONDE O PREÇO DO OVO MAIS SUBIU EM 2025
- Porto Alegre (RS): 33,86%
- Curitiba (PR): 32,73%
- São Luís (MA): 31,51%
- Campo Grande (MS): 28,6%
- São Paulo (SP): 27,99%
Mesmo nas regiões com as menores altas, os aumentos no ano ainda foram relevantes. Em Salvador (BA), o preço subiu 16,42%, enquanto Rio de Janeiro (RJ) e Rio Branco (AC) registraram 16,58%.
No acumulado de 12 meses —de junho de 2024 a maio de 2025 —, todas as capitais tiveram alta de preço do ovo. Os maiores aumentos ocorreram em Curitiba (23,51%), Campo Grande (21,63%) e São Paulo (20,16%). Já as menores foram observadas em Recife (1,8%), seguida de Rio Branco (2,64%) e Belém (7,64%).
O PREÇO VAI CONTINUAR CAINDO?
Para a ABPA, o comportamento dos preços ainda pode ser afetado por custos de insumos, como embalagens e lisina —aminoácido usado na ração das galinhas. “No curto prazo, não se esperam mudanças significativas nos patamares de preços”, afirma a associação.
No mercado produtor, onde os preços costumam se antecipar ao varejo, há sinais de queda nos últimos dois meses.
“A expectativa é que os valores sigam firmes, sem tendência de altas muito expressivas”, diz Claudia Scarpelin, pesquisadora da área de ovos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo).
Sobre a gripe aviária, a pesquisadora observa que, no cenário atual, a doença não deve causar quedas nem altas nos preços. “A produção de ovos ainda não foi fortemente afetada por causa disso. Em maio, por exemplo, as exportações tiveram recorde”, afirma.
O inverno próximo, porém, é um fator que pode reduzir a produção. “A estação costuma causar uma menor produtividade das próprias galinhas e pode haver uma mortalidade pontual. Mas se o preço vai subir ou não, isso depende também da demanda.”
No início de junho, devido a um maior poder de compra da população, o preço do ovo aos produtores subiu com o aumento da demanda. Porém, segundo a pesquisadora, caso a tendência de queda dos últimos meses continue, é possível que a alta nem chegue ao varejo.
“O repasse dos preços dos produtores aos consumidores costuma ser mais lento. O preço também depende da estratégia de cada supermercado”, acrescenta Claudia.