A Airbus dominou o primeiro dia do Paris Air Show, feira de aviação na capital francesa, revelando pedidos próximos a US$ 10 bilhões (R$ 55 bilhões) após sua rival Boeing reduzir suas atividades após o acidente fatal da Air India na semana passada.
O fabricante europeu de aviões garantiu um pedido de até 77 aeronaves de carga e passageiros da empresa de leasing saudita AviLease, além de acordos com a Riyadh Air e com a companhia aérea polonesa LOT.
O maior encontro da indústria aeroespacial do mundo está acontecendo poucos dias após a queda de um voo da Air India com destino a Londres. O avião, um Boeing 787-8, caiu logo após decolar de Ahmedabad, matando todos, exceto uma das 242 pessoas a bordo.
A Boeing reduziu sua presença no evento após o desastre, com o CEO Kelly Ortberg e Stephanie Pope, chefe da divisão de aeronaves comerciais, ambos cancelando planos de comparecer.
Investigadores na Índia continuam examinando uma das “caixas-pretas” do avião, que registra vozes da cabine e dados de voo, para tentar determinar o que aconteceu.
Os dois maiores fabricantes de aviões do mundo normalmente competem por grandes encomendas, mas o acidente lançou uma sombra sobre o evento, que também ocorre em um contexto de preocupações sobre tarifas americanas e agravamento do conflito no Oriente Médio.
A AviLease, que é apoiada pelo fundo soberano da Arábia Saudita, iniciou o evento com um pedido de 30 aeronaves de fuselagem estreita A321, com opções para mais 25, além de 10 aviões de carga A350 e 12 opções. No mês passado, anunciou um pedido de 30 jatos Boeing 737 Max durante a turnê do presidente dos EUA, Donald Trump, pelo Oriente Médio.
A Riyadh Air anunciou um pedido de 25 jatos Airbus A350-1000 de fuselagem larga, com opções para mais 25. A polonesa LOT comprará 40 aeronaves de fuselagem estreita A220, com opção de extensão para 84 aviões.
Os pedidos combinados, excluindo opções, são avaliados em quase US$ 10 bilhões, segundo estimativas da consultoria de aviação Cirium. O pedido da Riyadh Air de 25 A350 sozinho é avaliado em cerca de US$ 4,6 bilhões (R$ 25,3 bilhões), de acordo com a Cirium.
Os pedidos anunciados nesta segunda-feira (16) elevam a carteira de pedidos da Riyadh Air, que planeja operar seu primeiro voo ainda este ano, para um total de 182, segundo seu CEO Tony Douglas.
Os pedidos surgem enquanto Boeing e Airbus continuam a enfrentar problemas persistentes na cadeia de suprimentos, com ambas “vendendo o que podem construir”, segundo Sash Tusa, analista da Agency Partners em Londres.
No caso da Airbus, isso significa aviões de fuselagem larga A350 porque têm um tempo de entrega mais curto do que a família mais vendida de jatos de fuselagem estreita A320. A Airbus enfrentou desafios para aumentar a produção do A320, particularmente devido à escassez de motores.
O pedido polonês de jatos A220 foi bem-vindo, disse Tusa, porque a Airbus precisa vender mais para que o programa atinja o ponto de equilíbrio.
