A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse nesta quarta-feira (18) que a participação de empresas estrangeiras no leilão de blocos exploratórios na bacia da Foz do Amazonas demonstra “confiança no Estado brasileiro”.
A estatal tenta há anos perfurar o primeiro poço exploratório em águas profundas na região, processo iniciado ainda nos anos 2010 pela britânica BP e seguido pela francesa TotalEnergies, que desistiram da região.
Nesta terça, após quase dez anos sem atrair interesse do mercado, a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) concedeu 19 áreas exploratórias na bacia para consórcios formados por Petrobras e Exxon e Chevron e CNPC.
A última é chinesa e as outras duas, americanas. “O interesse das empresas mostra a confiança no estado brasileiro. E botar áreas em licitação naquela região mostra a segurança institucional brasileira”, disse Magda.
“Isso mostra solidez, continuidade, responsabilidade, segurança jurídica”, continuou a executiva, sem citar as dificuldades no processo de licenciamento ambiental na região.
A Petrobras espera realizar em julho um simulado da perfuração do primeiro poço, o que considera ser a última etapa do processo de licenciamento —que ainda enfrenta grande resistência na área técnica do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis).
A forte participação das americanas Exxon e Chevron no leilão desta terça é vista pelo mercado como um indicativo de grande potencial petrolífero na região.
As duas empresas hoje brigam na Justiça por uma fatia em reservas na Guiana, que têm características geológicas semelhantes e despertaram grande interesse pela Foz do Amazonas.
As reservas foram descobertas pela Exxon. A Chevron posteriormente tentou comprar fatia da Hess no projeto, mas esbarrou em resistência da primeira e hoje o tema é alvo de ação judicial.
“Se ele escolheram correr o risco [de comprar as áreas no Brasil apesar das dificuldades em obtenção de licença], é porque estão vendo coisa boa”, diz o geólogo Pedro Zalán, da ZAG Consultoria.
“Ambas conhecem a Guiana muito bem e estão vendo semelhanças ali na Foz do Amazonas, coisa que a gente já vem falando há anos. E agora a gente tem quase certeza disso”, completou.
Atuando em parceria com a chinesa CNPC, a Chevron foi mais agressiva no leilão, pagando ágios de até 1.216% nos blocos que disputou. Por um deles, chegou a pagar R$ 102,2 milhões.
Aliada à Petrobras, a Exxon ficou com participação em nove blocos. A estatal disse em nota que, embora tenha perdido todas as disputas, arrematou os blocos pelos quais tinha maior interesse.
A diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia Anjos, disse que a estatal conseguiu levar as áreas que considerava prioritárias e que a parceria com a Exxon é positiva pelo conhecimento que a empresa tem da Guiana.
“Se tem um lugar no Brasil que eu gostaria de ter parceria com a Exxon, é na margem equatorial”, afirmou.
Os programas exploratórios mínimos apresentados à ANP preveem R$ 1,5 bilhão em investimentos, mas que devem ser focados na sísmica, ainda sem previsão de poços, segundo fontes.
Em nota, a Chevron, disse que os blocos exploratórios adquiridos na terça desempenham uma parte importante de seu portfólio na América do Sul e que atua de acordo com as leis e os processos regulatórios do país.
“Estamos monitorando as decisões do governo e vamos aguardar para prosseguir com nosso plano exploratório. Assim como em todas as nossas operações, nossa maior prioridade é proteger o meio ambiente e a segurança de nossa força de trabalho e ativos”, afirmou.
Magda afirmou que a chegada de estrangeiras após o esforço da Petrobras para abrir caminho repete padrão histórico. “Petrobras abriu caminho e as outras vão atrás. Foi assim na bacia de Campos, foi assim no pré-sal e vai ser assim na margem equatorial”.