Não é preciso ser um expert em vinhos para entender por que a Vik, localizada no Chile, foi eleita a segunda melhor vinícola do mundo pelo World’s Best Vineyards em 2024, atrás apenas da espanhola Bodegas de los Herederos del Marqués de Riscal.
Mesmo competindo com vinícolas de países europeus consagrados no mundo do vinho, como Espanha, França e Portugal, a Vik se destaca no cenário internacional mesmo com apenas duas décadas de história. A distinção é resultado de um projeto que une uma filosofia holística integrada à sustentabilidade e atenção a cada etapa da produção.
A vinícola também impulsiona o enoturismo no país, que já se consolida como um dos favoritos entre os brasileiros. Segundo pesquisa Datafolha, o Chile foi eleito o melhor destino de vinhos, com 11% da preferência dos paulistanos e um empate técnico com a Itália (10%) e a Argentina (9%).
Entre os destaques da Vik está o VIK 2016, que recebeu 99 pontos do renomado crítico americano James Suckling. A safra de 2021 foi ainda mais longe e alcançou a nota máxima de 100 pontos, reconhecimento que aponta para um vinho excepcional, praticamente perfeito.
Esse mesmo rótulo foi classificado como o sexto melhor vinho do mundo na lista dos 100 Melhores Vinhos de 2024 publicada por Suckling, sendo o mais bem colocado entre os vinhos do Chile e de toda a América do Sul.
O sucesso dos vinhos da Vik tem origem no terroir onde tudo começa. Localizada a 166 km de Santiago, capital chilena, a Vik está no Vale de Millahue. O nome, de origem mapudungun, significa “lugar de ouro”, em referência às antigas zonas de garimpo da região nos primeiros anos da conquista espanhola, no século 16.
Foi nessa terra preciosa que, em 2006, o casal de empresários Alex e Carrie Vik encontrou o local ideal para colocar em prática um projeto ambicioso, que era produzir vinhos de altíssimo padrão no Chile. E conseguiram. Um dos rótulos mais emblemáticos da vinícola, o STONEVIK, pode ser encontrado no Brasil por valores que ultrapassam R$ 1.000.
E não é à toa. O vinho é elaborado de forma única, com uma abordagem que une natureza e ciência. A fermentação ocorre em barricas de carvalho tostadas com o método barroir, que utiliza madeira de carvalhos caídos na própria propriedade da vinícola.
Depois, o STONEVIK é envelhecido em ânforas feitas à mão por artesãos e são semi-enterradas no ponto mais alto do parque Vik. São ao todo sete ânforas, alinhadas segundo princípios astronômicos, formando uma mandala que simula um campo eletromagnético. A ideia é que o vinho repousa sob a sabedoria da floresta e, a cada solstício de verão, a natureza revele o resultado desse processo excepcional.
À frente dessa criação está o enólogo-chefe, Cristián Vallejo, que conduz a produção com uma filosofia baseada na enologia circular, que consiste em fazer vinho “com, desde e para a natureza”.
“É uma abordagem diferenciada, uma maneira que encontramos de expressar nosso terroir e permitir que a própria natureza conduza o envelhecimento. Assim, por meio dela, conseguimos levar ao mundo o sabor autêntico deste lugar”, diz Vallejo.
Sob uma visão holística, o vinhedo chega a produzir até algumas das madeiras utilizadas nas próprias barricas. Segundo o enólogo, a Vik fabrica seus próprios barris justamente para garantir que, desde a criação do vinho, tudo seja 100% originário daquele lugar. Ele afirma que a Vik é a única vinícola da América do Sul a produzir suas próprias barricas.
Lá, são utilizadas principalmente variedades de uvas cultivadas na própria propriedade, como cabernet sauvignon, carménère, cabernet franc, merlot e syrah.
Esse vínculo com a terra se estende à paisagem que cerca a vinícola, marcada por áreas verdes, montanhas e uma atmosfera rural. Em meio a esse cenário, no alto de uma colina com vista panorâmica da região, está o hotel de luxo da Vik.
A construção se destaca pelo teto escultural e de aparência “flutuante”, inspirado nas obras do arquiteto Frank Gehry, vencedor do Prêmio Pritzker e responsável por projetos como o Museu Guggenheim de Bilbao, na Espanha.
O hotel oferece quartos exclusivos que parecem ter saído de uma galeria de arte. Cada suíte tem nome próprio e decoração assinada por artistas contemporâneos renomados, entre eles os chilenos Roberto Matta e Ricardo Yrarrázaval.
As diárias variam entre R$ 2.160,82 e R$ 6.904,69 e incluem acesso a uma programação de enoturismo que inclui degustação de vinhos, atividades ao ar livre, incluindo passeios a cavalo pelos vinhedos e trilhas para mountain bike.
A gastronomia também é um destaque, com restaurantes como o Pavilion e o Milla Milla, que oferecem pratos da culinária chilena preparados com ingredientes locais, muitos deles colhidos diretamente na horta orgânica da propriedade.
A vinícola não concentra suas atividades apenas no Chile. Com empreendimentos já estabelecidos na Itália e no Uruguai, a Vik também vê no Brasil um mercado estratégico. A marca, que já comercializa seus vinhos no país, anunciou um novo projeto em Araçoiaba da Serra, a 121 quilômetros da cidade de São Paulo.
Enquanto isso, para quem deseja conhecer a Vik, há voos diretos para Santiago saindo de capitais brasileiras como Brasília, Fortaleza e Recife, operados por companhias como a Latam. A partir da capital chilena, o trajeto até a vinícola leva cerca de 2h30 de carro. Também há opções de transfer disponíveis como serviço adicional ao fazer a reserva.