/ Jun 28, 2025

Rio Pequeno não espera pelo metrô para verticalizar – 27/06/2025 – Mercado

É antes do metrô que o Rio Pequeno é pujante. O distrito onde foram lançadas 1.954 unidades habitacionais nos últimos 12 meses até abril, segundo o Secovi-SP, está a muitos anos de receber a linha 22, que deverá passar pela região rumo a Cotia.

O metrô, como se sabe, é um dos grandes indutores dos negócios imobiliários na cidade, o que torna o número mais imponente.

O que parece explicá-lo é a própria demanda reprimida e as muitas áreas elegíveis aos projetos de habitação social. O Rio Pequeno, lar de mais de 120 mil moradores, tem proporção alta de domicílios em favelas, 20,6%, o que a coloca no top 10 do Mapa da Desigualdade da ONG Rede Nossa São Paulo.

De acordo com o Secovi-SP, 91% dos lançamentos habitacionais ali inscrevem-se nos modelos de financiamento do Minha Casa, Minha Vida. A Vinx tem na avenida José Joaquim Seabra, um dos eixos do bairro —que a empresa prefere chamar de Butantã—, empreendimento com 393 apartamentos de um ou dois dormitórios. A Citz Desenvolvimento Imobiliário, em sua primeira incursão à capital paulista, ergue na avenida Rio Pequeno seu Bliss Concept, prédio com 204 apartamentos de 27 a 38 m², todos com varanda e elegíveis ao financiamento do Minha Casa, Minha Vida.

Rafael Luis Coelho, diretor executivo da Citz, é claro ao declinar a razão de estar no Rio Pequeno: “Identificamos que ali não ocorriam lançamentos havia algum tempo”. Com cerca de 80% das unidades vendidas, o Bliss já concluiu a terraplanagem, tem boa parte das fundações executadas e deve estar pronto em dois anos. A Citz, que atua principalmente no interior paulista e no Rio Grande do Sul, tem projetos na Penha e na avenida Cupecê, na zona sul.

Segundo a startup imobiliária Loft, o número de transações no Rio Pequeno cresceu 4% de fevereiro a abril, quando comparado ao mesmo trimestre de 2024, valor acima da média da cidade. O tíquete médio também se destacou, alcançando R$ 562 mil e subindo 6%, o triplo da média paulistana.

“O Rio Pequeno segue aquecido”, diz Fábio Takahashi, gerente de dados da empresa. “É um bairro que atrai famílias que buscam espaço e boa relação custo-benefício”. Segundo o FipeZap, o valor de venda por metro quadrado em maio passado bateu no Rio Pequeno R$ 7.755, 6,3% mais alto do que havia um ano.

A realidade ainda distante do metrô talvez tenha facultado ao Rio Pequeno ser um dos lugares da cidade com maior acesso a ciclovias, com índice próximo ao dos bairros centrais. Mas dificilmente no Centro, em Pinheiros e outros distritos que se destacam nessa infraestrutura, as ciclovias sejam tão desdenhadas pelos motoristas de carros particulares.

Este repórter, usuário do pedal, teve de sair repetidamente das ciclovias das avenidas José Joaquim Seabra e Otacílio Tomanik num sábado de junho, ambas ocupadas por carros, vans e pequenos caminhões.

Embora esteja excluído dos roteiros turísticos paulistanos, inclusive aqueles que valorizam descobertas por áreas menos óbvias da cidade, o Rio Pequeno tem algumas particularidades.

Como a habilidade no esqui de asfalto de adolescentes e crianças da comunidade São Remo, colada à USP, cortesia de projeto social do ex-atleta olímpico Leandro Ribela. Victor Santos, um dos moradores beneficiados, tornou-se atleta olímpico nos Jogos de Inverno de 2018, na Coreia do Sul.

Outro espaço inusitado é a academia Cuba Boxe, do cubano Thomas Cabrera, o Papi, que ensina o esporte para menores carentes da região, muitos deles da histórica favela do Sapé.

Papi conseguiu organizar duas corridas amadoras de meia maratona, normalmente uma prerrogativa de empresas especializadas. Ele espera organizar a terceira Meia do Butantã, que ocupa parte da avenida Escola Politécnica, no fim de novembro.

A duas quadras da academia de Papi, o bar Tempero do Zeca, na rua Paulino Baptista Conti, tem uma feijoada de comer orando, como se dizia.

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