A Prefeitura de Manaus, capital do Amazonas, trocou uma dívida de R$ 1 bilhão com o Banco do Brasil por um financiamento no exterior de US$ 195 milhões (praticamente o mesmo valor em reais) com o Banco Mundial, a juros e parcelas menores e prazo maior.
A operação foi aprovada pelo Cofiex (Comissão de Financiamentos Externos), do Ministério do Planejamento e Orçamento, com o prazo passando de 9 anos (no BB) para 20 anos.
Esse tipo de operação é prevista e autorizada pelo Tesouro Nacional caso haja vantagens financeiras para o município, como a redução do custo da dívida em relação ao que ele havia contratado anteriormente.
Estima-se que, no primeiro ano após a operação, em 2026, haverá uma economia de cerca de R$ 200 milhões a R$ 210 milhões, o que representa aproximadamente 25% de redução de juros da dívida.
Além disso, o alongamento do prazo e a redução das parcelas gerarão uma folga no orçamento de Manaus de cerca de R$ 800 milhões nos primeiros oito anos.
Esse recurso, que antes seria desembolsado para o BB, agora ficará nos cofres do município e poderá ser utilizado para investir na cidade.
Após viver a pior seca de sua história em 2024 em meio a um processo de mudanças climáticas, a cidade irá desenvolver um programa voltado ao desenvolvimento sustentável urbano. Isso inclui projetos de recuperação de ecossistemas urbanos, como lagos, igarapés, arborização da cidade e saneamento básico.
Atração de US$ 500 milhões em investimentos verdes
Manaus também vai estruturar, com o apoio do Banco Mundial e da International Finance Corporation (IFC), operações de financiamento que visam a atração de US$ 500 milhões em investimentos até 2028 em áreas como bioeconomia, mercado de carbono e infraestrutura sustentável.
Entre os projetos em andamento, destacam-se o Plano Municipal de Bioeconomia, com entrega prevista para 2026, parcerias com o BNDES e o Ministério do Desenvolvimento Regional para mobilidade, drenagem e reciclagem via parcerias público-privadas (PPPs) e a primeira legislação urbana do país com incentivos fiscais para construções sustentáveis.
Também está em andamento a criação de uma bolsa de créditos de carbono da floresta preservada da Amazônia e de áreas urbanas, que representam apenas cerca de 12% do município.
A cidade elabora ainda um Plano de Adaptação às Mudanças Climáticas, com inventário próprio de gases de efeito estufa, preparando o terreno para comercialização de créditos de carbono em escala internacional.
Com Stéfanie Rigamonti