As inscrições para o CNU (Concurso Nacional Unificado) foram abertas nesta quarta-feira (2) e vão até o dia 20 de julho. Os candidatos terão cerca de três meses para se preparar até a aplicação da prova objetiva, marcada para o dia 5 de outubro.

Os interessados devem se inscrever pelo site oficial da seleção. Ao todo, são oferecidas 3.652 vagas distribuídas entre 36 órgãos públicos federais, com salários iniciais que podem chegar a R$ 16 mil.

As provas objetivas serão aplicadas em 228 municípios do país. Já a etapa discursiva, destinada apenas aos aprovados na primeira fase, está prevista para o dia 7 de dezembro. Apesar do prazo curto para estudos, especialistas ouvidos pela Folha indicam as estratégias mais eficazes para quem pretende conquistar uma das vagas.

QUEM AINDA NÃO COMEÇOU A ESTUDAR TEM CHANCES DE PASSAR?

Considerando que a primeira prova do CNU será realizada em 5 de outubro, os candidatos que iniciarem a preparação agora terão cerca de 90 dias de estudo até a aplicação do exame.

“Para aqueles que nunca fizeram uma prova de concurso, que estariam saindo literalmente do ‘zero’, a experiência nos mostra que, via de regra, esse prazo não seria suficiente para uma adequada preparação que pudesse levar à aprovação num concurso nacional de relativa complexidade e de grande concorrência”, diz o professor de direito previdenciário do Gran Concursos Fernando Maciel.

Para quem já possui alguma experiência em concursos públicos ou já domina parte dos conteúdos cobrados na prova, no entanto, o cenário pode ser mais favorável. Segundo Maciel, uma preparação bem estruturada, com o apoio de profissionais especializados e materiais autossuficientes, pode viabilizar a aprovação.

“Mesmo aqueles que ainda não têm experiência em concursos e, por consequência, possuem poucas chances de serem aprovados nesta edição do CNU, deveriam aproveitar a oportunidade para iniciar sua preparação e adotar uma rotina de estudos, a fim de estarem devidamente preparados para futuros concursos e, por que não dizer, para a próxima edição do CNU”, diz o professor.

COMO COMEÇAR A ESTUDAR PARA O CNU?

Bruno Bezerra, professor do Estratégia Concursos, afirma que o primeiro passo para quem deseja se preparar para o CNU é definir o bloco temático ao qual irá concorrer.

Neste ano, o concurso está dividido em nove eixos temáticos, cujos pesos variam conforme a carreira escolhida pelo candidato. No momento da inscrição, é necessário selecionar um único bloco, indicar os cargos e as especialidades disponíveis dentro dele, estabelecer a ordem de preferência entre os cargos e escolher a cidade onde deseja realizar as provas.

Segundo Bezerra, para fazer essa escolha de forma estratégica, o candidato deve analisar com atenção:

• os requisitos de formação exigidos em cada bloco;

• a quantidade de vagas disponíveis;

• as disciplinas cobradas nas provas;

• as cidades de lotação de cada cargo.

Após essa etapa, o segundo passo é montar um plano de estudos que combine teoria com bons materiais, resolução de questões anteriores da banca organizadora (neste ano, a FGV) e revisões periódicas para fixação do conteúdo.

“Conforme o candidato avança nos estudos, é importante também começar a fazer simulados para treinar o tempo de prova e avaliar o desempenho nas diferentes disciplinas. Essa rotina bem estruturada é o que vai construir uma base sólida rumo à aprovação”, afirma o professor.

QUE CONTEÚDOS DEVO PRIORIZAR?

Bezerra diz que, nos blocos destinados a cargos de nível superior (1 a 7), os conteúdos de conhecimentos específicos têm maior relevância, correspondendo a 120 dos 200 pontos totais da prova. Já os conhecimentos gerais valem apenas 30 pontos.

Os conhecimentos específicos estão divididos em cinco eixos temáticos, e cada cargo dentro do bloco possui pesos distintos para esses eixos, que variam de 1 a 5. Por isso, o candidato deve identificar seu cargo de preferência e verificar quais eixos têm maior peso, para então priorizar os estudos nas áreas mais relevantes.

Nos blocos voltados a cargos de nível médio e técnico (8 e 9), as disciplinas também já estão previamente definidas, e a quantidade de questões por matéria é fixa. “Em língua portuguesa, a FGV tem uma forte tendência a cobrar interpretação de texto, que costuma representar mais de 30% das questões dessa disciplina. É um conteúdo-chave que deve ser trabalhado desde o início da preparação”, adiciona o professor.

QUAIS SÃO OS CONTEÚDOS COMUNS A TODOS OS BLOCOS?

Fernando Maciel, do Gran Concursos, explica que os conteúdos comuns a todos os blocos temáticos, que compõem a parte de conhecimentos gerais, servem como base para qualquer área. Entre os temas mais importantes estão:

• Políticas públicas: compreensão dos ciclos, tipos, atores e formas de avaliação das políticas públicas no Brasil;

• Ética e integridade: princípios e valores éticos no serviço público, governança, sistemas de controle, transparência e acesso à informação;

• Diversidade e inclusão na sociedade: diversidade de sexo, gênero, sexualidade, etnia e cultura; desafios sociopolíticos da inclusão de grupos vulnerabilizados; desigualdades e interseccionalidades;

• Administração Pública Federal: estrutura da administração pública, seus princípios, organização e funcionamento;

• Trabalho e tecnologia: evolução das relações de trabalho e o impacto das novas tecnologias, como inteligência artificial, automação e produtividade no setor público.

QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS ERROS DOS CANDIDATOS DURANTE OS ESTUDOS?

Segundo Maciel, muitos candidatos estudam sem um plano estruturado, acumulam materiais em excesso —como livros, PDFs e videoaulas— e acabam não focando conteúdos de qualidade.

Outro erro comum é dedicar-se apenas à teoria, sem testar o próprio conhecimento na prática por meio de questões e simulados. “Além disso, muitos negligenciam as revisões, achando que ler uma vez é suficiente. A curva do esquecimento é real, e revisar é fundamental para a fixação do conteúdo”, afirma.

Maciel também faz alerta para a tendência de estudar apenas as matérias com as quais o candidato tem mais afinidade, deixando de lado justamente aquelas que exigem mais atenção.

Comparar-se com outros candidatos, procrastinar e ignorar a saúde mental e física também são erros frequentes.

Sim. O professor do Gran Concursos diz que a maioria dos aprovados em concursos públicos costuma conciliar os estudos com trabalho e outras responsabilidades. Por isso, a organização da rotina de estudos é fundamental para quem deseja aproveitar bem o tempo disponível.

Como primeiro passo, ele recomenda que o candidato anote, ao longo de uma semana, todas as suas atividades diárias e o tempo dedicado a cada uma delas. “Com isso, você vai identificar períodos desperdiçados que podem ser aproveitados para estudar”, afirma.

Outro ponto importante é reconhecer os momentos do dia em que se tem mais energia e concentração. O ideal, segundo ele, é reservar esses períodos para as disciplinas mais difíceis ou que exigem maior esforço de raciocínio.

O especialista também sugere que o estudo seja guiado por metas concretas. Em vez de estabelecer uma quantidade de horas, o ideal é definir tarefas específicas. “Por exemplo: ‘Hoje vou estudar os artigos X a Y da lei 8.213/91 e resolver 20 questões sobre o conteúdo estudado’.”

Se possível, o candidato também deve criar um ambiente fixo de estudos e não negligenciar o descanso. Por fim, ele afirma que o segredo está na flexibilidade. “Se um dia o rendimento nos estudos não sair como o planejado, não se desespere. Reajuste o cronograma para o dia seguinte. A consistência a longo prazo é mais importante do que a perfeição diária”, diz.

Bruno Bezerra, do Estratégia Concursos, afirma que, durante a preparação, é comum o candidato sentir-se atrasado. Contudo, ele diz que alimentar esse pensamento pode ser prejudicial, pois desvia o foco do que realmente importa.

Segundo ele, uma vez que o plano de estudos esteja estruturado, o ideal é tirar o foco da ansiedade e redirecionar a energia para a execução da estratégia. “Em vez de pensar no tempo que já passou, o candidato deve se comprometer com a entrega diária, confiando no processo e na metodologia adotadas”, diz.

COMO POSSO ME INSCREVER NO CNU?

As inscrições para o CNU foram abertas as 10h desta terça-feira (2) e ficarão abertas até as 23h59 do dia 20 de julho no site oficial do concurso. Passo a passo para inscrição:

1. Acesse o link de inscrição: https://conhecimento.fgv.br/cpnu2 e clique em “Inscreva-se”

2. Você será redirecionado para a plataforma Gov.br. Nela, será necessário informar seu CPF e senha para login

3. Em seguida, será preciso fazer login ou criar um cadastro na página da FGV Conhecimento. Para completar o cadastro, será necessário preencher informações sobre:
   
   • Dados familiares
   
   • Documentos
   
   • Origem
   
   • Informações pessoais
   
   • Endereço
   
   • Dados de contato

   
   

   Os dados de sexo, nome da mãe e data de nascimento serão importados automaticamente da Receita Federal. O candidato também deve autorizar o termo de consentimento para o envio de comunicados, informativos e notícias sobre o CNU por email ou SMS.

4. Após concluir o cadastro, o candidato iniciará, de fato, sua inscrição. O primeiro passo será informar um único bloco temático para o qual deseja se inscrever.

5. Em seguida, deverá selecionar os cargos e as especialidades disponíveis dentro desse bloco.

6. Depois, é necessário indicar a ordem de preferência para ocupação dos cargos escolhidos.

7. Na sequência, o candidato deverá:
   
   • Informar a cidade onde deseja realizar a prova
   
   • Responder a questões sobre critérios de desempate
   
   • Indicar se deseja concorrer por cotas/vagas reservadas
   
   • Solicitar isenção da taxa de inscrição, se for o caso

8. Também será solicitado o preenchimento de um questionário socioeconômico, que faz parte do processo de inscrição. As respostas não serão utilizadas como critério de eliminação ou classificação.

9. Por fim, o candidato deverá assinalar a declaração de ciência e concordância e salvar a inscrição.

Para finalizar o processo, o candidato deverá gerar a GRU (Guia de Recolhimento da União) para pagar a taxa de inscrição, exceto nos casos de isenção. O pagamento da GRU deve ser feito até a data de vencimento para validar a inscrição.

VEJA O CALENDÁRIO DO CNU 2025