De caixas para abrigar abelhas sem ferrão a kits de meia sapatinho para bebês, passando por lupa de cabeça com luz para dentista e kit de faróis de milha. Os Correios apostam na diversidade de categorias e produtos para lançar o seu marketplace Mais Correios nesta terça-feira (1º).

São cerca de 500 mil itens, divididos em 25 categorias, que vão muito além dos tradicionais eletroeletrônicos, eletrodomésticos, vestuário, beleza, mercado, casa e decoração que estão disponíveis na maioria das plataformas digitais de compras.

No Mais Correios, que adota o slogan “Democratizando as compras online”, ganham espaço produtos de categorias pouco usuais como Agro, Automotivo, Construção, Indústria e Comércio, comercializados apenas em sites especializados ou nos maiores marketplaces generalistas –Mercado Livre e Amazon, por exemplo.

As compras podem ser parceladas em até dez vezes sem juros, em dois cartões. Mas, apesar da variedade, são poucos os vendedores (“sellers”) que integram a plataforma. Boa parte dos produtos vem de grandes marketplaces como Casas Bahia, Ponto Frio e Extra (todos do Grupo Casas Bahia), além de ShopHub e WebContinental. Segundo comunicado dos Correios, a nova plataforma não é rival dos marketplaces, mas sim uma “parceira estratégica”, que chega para oferecer “novas oportunidades de visibilidade, alcance e conversão”.

A intenção da empresa pública é pegar carona no crescimento do comércio eletrônico no Brasil, que avançou 19% no ano passado, para R$ 351,4 bilhões, segundo a consultoria NielsenIQ. A investida ocorre em um momento de crise: os Correios registraram prejuízo de R$ 2,59 bilhões em 2024, mais de quatro vezes superior às perdas de 2023 (R$ 597 milhões). No primeiro trimestre deste ano, a última linha do balanço continuou no vermelho: R$ 1,7 bilhão, o dobro do prejuízo do mesmo período de 2024.

A empresa justifica parte do mau desempenho com “taxa das blusinhas”, a taxação de compras internacionais de até US$ 50, que passou a vigorar em agosto de 2024 e freou em parte a expansão dos marketplaces asiáticos, clientes dos Correios.

A estatal anunciou um PDV (Programa de Desligamento Voluntário), entre outras medidas, a fim de reduzir despesas em R$ 1,5 bilhão em 2025.

Segundo a empresa, seu foco está em redução das despesas, modernização da infraestrutura e diversificação das fontes de receita –entre elas, está o lançamento do marketplace Mais Correios. Ainda este semestre, pretende lançar o próprio meio de pagamento.

A Folha questionou a empresa sobre o investimento na plataforma, expectativa de receita, prazo de entrega e número de vendedores cadastrados, mas não obteve retorno até o fechamento deste texto.

“O Mais Correios é um dos principais projetos estruturantes da estatal para garantir sua sustentabilidade”, diz a empresa em comunicado.

De acordo com a NielsenIQ, hoje, metade da população faz pelo menos uma compra online ao ano. Em 2024, o Brasil registrou um incremento de 16% no total de consumidores online ativos, que atingiram 125,6 milhões. Por “ativos”, entende-se quem fez ao menos uma compra na internet em um período de 12 meses.

A Infracommerce, especializada em soluções de comércio eletrônico, ficou responsável pela arquitetura, suporte operacional e tecnológico da plataforma. A empresa está em reestruturação, com dívidas de R$ 700 milhões.