A crise política gerada pelo decreto de alta do IOF do ministro Fernando Haddad colocou a corrida eleitoral de 2026 na rua.
Ainda que os principais atores da disputa façam gestos na direção de abertura do diálogo, como fez nesta quarta-feira (02), Davi Alcolumbre ao receber o número 2 da Fazenda, a guerra está em curso e com chance quase nenhuma de um acordo de paz até o desfecho eleitoral no final do ano que vem.
Não havia outra saída para o presidente Lula. Trata-se de uma questão de sobrevivência. Como ele mesmo explicitou ao reconhecer que, se não fosse ao STF contra a derrubada do IOF pelo Congresso, não governaria mais.
É tudo ou nada depois que a parcela mais forte do centrão emparedou o governo enfileirando tanques contra o IOF na manhã do dia seguinte à reunião, que seria para selar um acordo, na casa de Hugo Motta.
Os mais bem informados em Brasília enxergam a sombra do presidente do PP, Ciro Nogueira, e do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, no episódio.
A ficha caiu para o governo que os parlamentares do centrão não iriam nem irão aprovar mais nada de relevante que venha colocar a azeitona na empada que o presidente vai servir no almoço eleitoral.
Ao revidar com a campanha do nós contra eles, a opção escolhida pelo governo é o sacrifício da pauta econômica.
O Congresso só vai entregar um cardápio mínimo e o que lhe interessar, como o projeto do fundo do pré-sal, já aprovado e que garante receitas que podem salvar as emendas parlamentares do corte orçamentário.
Talvez uma reforma administrativa restrita, porque Hugo Motta quer uma reforma para chamar de sua, e uma ou outra concessão de pouco impacto nas contas públicas. Não há certeza nem mesmo sobre o corte de 10% dos incentivos avança. Quem sabe 5% para inglês ver?
A maior incerteza é saber como ficam as contas públicas até 2027. Se governo Lula tiver que propor a mudança da meta fiscal de 2026, o que fará o Congresso? Haddad já tem o discurso pronto: vai culpar o Congresso.
Agora, cada um cuida de si e todos contra todos.