/ Jul 06, 2025

Fiemg: Idiota é quem trabalha com carteira assinada – 05/07/2025 – Painel S.A.

Flávio Roscoe comanda a Fiemg, a federação das indústrias de Minas Gerais. Ele diz que, apesar de o estado ter sido decisivo para a eleição de Lula, em 2022, hoje há chances de vitória para um candidato de direita. Isso porque, na sua avaliação, o governo concentrou-se em medidas populistas em vez de atacar problemas estruturais.

Na indústria, falta mão de obra por culpa do governo. Para ele, há mais vantagens em ficar desempregado por vinte anos, preso ao Bolsa Família, para aposentar-se aos 45 anos, do que trabalhar 20 anos com carteira assinada e se aposentar.

Minas Gerais definiu a eleição de Lula. No cenário atual, esse apoio tende a ser mantido?

Prever a eleição é uma ficção científica. Falta um ano e muita coisa pode acontecer. Depende também do candidato que vai contra [Lula]. Mas eu diria que a propensão à vitória hoje é menor do que foi no passado.

Por quê?

Hoje a popularidade está menor e o grande problema do governo é o cenário econômico.

Não é a polarização?

Há uma percepção clara de deterioração macroeconômica. Por que o Congresso se rebelou agora com o IOF? Porque todo dia o governo apresenta uma conta nova para a sociedade sem ter feito o seu “para casa” [dever escolar]. Não dá para ficar jogando para a sociedade e, consequentemente, para o Congresso um novo imposto [o IOF] quando estamos batendo recorde de arrecadação. Deputado não foi eleito para ficar criando imposto de três em três meses.

Mas o governo afirma que as emendas impositivas do Congresso estrangulam o Orçamento. Resta saída?

O governo tem uma política pública equivocada. Não fez a eficiência da máquina pública [reforma administrativa] para compensar e fica criando projetos populistas que custam e precisam de novas fontes de receita.

O senhor mencionou a deterioração macroeconômica. Como explica registrarmos a menor taxa de desemprego recordes de arrecadação?

Esse dado é da perspectiva de quem está procurando emprego. Olhando a população economicamente ativa desocupada, [a taxa] é uma das maiores do mundo. Temos uma grande parte da população apta ao trabalho, mas dependurada em programas sociais, como o Bolsa Família, que não dialogam com o mercado de trabalho. O governo que, em tese, prega a formalização é o maior incentivador da precarização do trabalho.

Como assim?

Temos aí a sensação de pleno emprego, mas as empresas não encontram pessoas para trabalhar . O trabalhador tem a opção de ficar em programa social fazendo bico. Porque ele sabe fazer conta. O brasileiro não é idiota. Ele pensa: “vou ganhar mil e poucos reais do governo, não vou ter vínculo [de trabalho] com ninguém e faço diárias de R$ 200”.

O idiota é quem trabalha com carteira assinada, porque ganha R$ 2 mil, paga imposto, e ainda vai se aposentar com a regra até os 65 anos. O cara que está há 20 anos no programa social se aposenta aos 45 anos. Quem trabalha 20 anos, não se aposenta. Ora, está tudo errado.

Temos aí a sensação de pleno emprego, mas as empresas não encontram pessoas para trabalhar. O percentual da população desocupada é enorme e muito maior que a do restante dos países, porque o incentivo que o estado vem dando é “não faça nada, fique em casa”. No Bolsa Família, 40% das pessoas são perfeitamente aptas a trabalhar.

Na França, que tem programas sociais fortes, se um desocupado inscrito em banco de trabalho recebe três ofertas de emprego e nega, perde o benefício.

O senhor defende, por exemplo, o fim da CLT e a livre negociação?

Não digo acabar, mas reinventar. Como ela está, não cumpre o papel social. Haja vista que existem mais trabalhadores informais do que com carteira assinada. Está claro que temos um problema aí e a gente não vê que ele está endereçado pelo governo.

O senhor chegou a tratar disso com o governo?

Tenho boa relação com o ministro do Trabalho. Desde a primeira reunião ele me deu o razão. Não falta diagnóstico. Volto a dizer, não sou contra os programas sociais. Sou contra a maneira como eles hoje se antagonizam com o mercado formal.

Isso prejudica mais a indústria?

Alguns setores da economia contratam diaristas. A indústria não consegue. Não posso colocar um cara para operar uma máquina de US$ 1 milhão. A chance de me dar um prejuízo no primeiro dia é enorme. Tem de ser formalizado.

Acha que nomes ligados à direita poderão resolver esse problema?

Há viabilidade para um candidato de direita, mas o que prejudica o cenário é o fato de, a cada dia, a eleição estar mais perto. E isso torna mais difícil qualquer movimento em favor de uma solução para o problema.


Com Stéfanie Rigamonti


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