/ Jul 07, 2025

Impacto das tarifas nos EUA estão por vir, dizem analistas – 07/07/2025 – Mercado

Às vésperas do fim do prazo estipulado pelo presidente Donald Trump para a negociação de acordos comerciais, os Estados Unidos enfrentam só os primeiros e mais sutis impactos do tarifaço, mas ainda sob a expectativa de economistas de que a alta generalizada de preços está por vir.

Desde o anúncio das sobretaxas de Trump, em 2 de abril, o índice de tarifas nos EUA subiu para 14,1%, segundo a agência Fitch Ratings, um salto em relação aos 2,3% registrados no ano anterior.

A expectativa do governo era pressionar parceiros comerciais a renegociar condições de troca. Analistas e economistas, por sua vez, previram que os preços nos EUA subiriam fortemente. Mas, por ora, a inflação permanece sob controle.

A pausa sobre as tarifas mais elevadas aplicadas a cerca de 60 países acaba na próxima quarta-feira (9) e o governo divulgou apenas três acordos fechados, com China, Reino Unido e Vietnã. Analistas aguardam o desfecho desse dia —se Trump vai prorrogar a pausa ou se de fato vai impor sobretaxas elevadas a nações— para atualizar suas projeções.

Para muitos analistas, o impacto total ainda está em formação — e os próximos meses serão decisivos para medir os efeitos reais da política tarifária agressiva de Trump, sobretudo se o presidente for adiante com as chamadas tarifas recíprocas.

Relatórios do Goldman Sachs estimam que a inflação de bens essenciais pode atingir 6,3% ainda em 2025, enquanto o índice de preços ao consumidor pode subir até 3,7% até o início de 2026. O JPMorgan projeta que a inflação subjacente quase dobrará até o fim deste ano.

Por enquanto, os dados se mantém sob controle. Segundo o Bureau of Labor Statistics, os preços ao consumidor subiram 2,4% em maio, um pouco acima da taxa de 2,3% em abril — a menor inflação registrada nos EUA desde fevereiro de 2021. Já o índice de Despesas de Consumo Pessoal (PCE), o indicador preferido do Federal Reserve, apontou inflação subjacente de 2,5% em abril, o nível mais baixo desde março de 2021.

Segundo o presidente do Fed, Jerome Powell, o motivo para a inflação abaixo do esperado está, em parte, nos estoques. “Os produtos vendidos no varejo hoje podem ter sido importados há vários meses, antes da imposição das tarifas”, disse Powell na quarta-feira.

As empresas americanas se anteciparam à nova política e aceleraram a importação de produtos antes da entrada em vigor das novas taxas, o que gerou estoques amplos e atrasou os impactos nos preços ao consumidor.

A empresa de análise Telsey Advisory Group, que acompanha 80 itens de consumo em diferentes setores, constatou que apenas 19 deles tiveram aumento desde abril — enquanto 16 viram queda nos preços.

Enquanto isso, as importações de produtos estrangeiros caíram drasticamente, e o sentimento de incerteza cresce entre empresas e consumidores. A pesquisa mais recente da Universidade de Michigan mostra que, embora as expectativas de inflação tenham caído em relação a maio — de 6,6% para 5,1% —, os americanos seguem preocupados e adotando cautela na hora de gastar.

Nesta semana, Trump afirmou que pretende notificar até o dia 9 de julho as nações que não tiverem chegado a um consenso, informando que poderão continuar exportando para os EUA —desde que paguem tarifas adicionais a serem definidas.

O republicano segue dizendo acreditar que “um número modesto” de acordos será fechado até o prazo, embora não revele quais, e indicou não pretende prorrogá-lo, apesar da pressão internacional. Internamente, a estratégia gerou incertezas entre empresários e importadores, que enfrentam dificuldades para planejar seus custos diante das frequentes mudanças nas diretrizes comerciais.

No caso da China, os EUA reduziram de 145% para 30% as tarifas de importação. Já o Vietnã terá uma taxa de importações diretas de 20%, enquanto produtos que passarem pelo país vindos de terceiros enfrentarão uma taxa extra de 40%. Em troca, os EUA poderão exportar produtos para o Vietnã sem qualquer imposto. O Reino Unido, por sua vez, também conseguiu taxas mais baixas sobre aço e peças aeroespaciais.

O Brasil foi impactado com a tarifa linear do pacote de Trump, de 10%, o que não mudará com a pausa de 90 dias que termina no dia 9 de julho. O governo brasileiro, porém, tenta negociar cotas e isenções para as tarifas de 50% sobre aço e alumínio, o que até agora não conseguiu.

No mês passado, Trump anunciou que as tarifas sobre o aço também passarão a incidir sobre eletrodomésticos produzidos com o metal —como máquinas de lavar, geladeiras e lava-louças. A medida deve ampliar o alcance das sobretaxas, que até agora afetaram mais diretamente eletrônicos, móveis e equipamentos de áudio e vídeo, especialmente os vindos da China.

De acordo com Powell, esses segmentos já começam a registrar aumentos perceptíveis de preço. Contudo, o dirigente do Fed afirmou que os impactos ainda são “localizados” e que não há, por ora, uma disseminação generalizada da inflação.

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