A balança comercial do agronegócio deste ano movimenta um volume maior de mercadorias, devido à safra recorde, mas com receitas inferiores, uma vez que alguns dos principais produtos, como a soja e açúcar, têm preços menores no mercado internacional.
Nos seis primeiros meses deste ano, as receitas com as exportações dos produtos relacionados ao agronegócio se mantiveram em US$ 82,5 bilhões, um valor um pouco abaixo do de janeiro a junho de 2024.
A balança comercial do primeiro semestre tem participações menores de soja, milho e açúcar, mas ganha corpo com as vendas de café e de carnes, produtos que mantêm demanda e preços elevados no mercado externo.
Já as importações ganham novo impulso neste ano, atingindo US$ 19,8 bilhões no semestre, 9% a mais do que em igual período do ano passado. As compras externas de fertilizantes e de agrotóxicos aumentaram no período.
Na divisão das exportações por blocos econômicos, as receitas da Ásia, devido à grande participação que a soja tem na região, caiu para US$ 41,5 bilhões, 3% a menos do que no primeiro semestre do ano passado. A queda se deve, em boa parte, à redução dos gastos da China, que, neste ano, recuaram para US$ 28 bilhões. Indonésia também comprou menos, mas Japão e Paquistão elevaram a presença no mercado brasileiro.
As receitas obtidas na América do Norte cresceram 14% no ano, somando US$ 8,7 bilhões. Os Estados Unidos, o principal mercado brasileiro na região, são importantes na compra de café e de carnes, dois dos produtos que tiveram aumento de preços.
Os gastos dos americanos com a compra de café no Brasil subiram para US$ 1,2 bilhão no semestre, 38% a mais do que no ano passado. Com as carnes, principalmente a bovina, os americanos gastaram US$ 823 milhões no período, 130% a mais.
A União Europeia, também devido ao aumento de gastos com as importações de café, deixou mais divisas no país neste ano. Foram US$ 11,9 bilhões no total, sendo US$ 3,4 bilhões apenas com o café, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
A mudança de preços internacionais de alguns produtos fez o Brasil perder espaço na África. As receitas brasileiras deste ano no continente recuaram para US$ 5,1 bilhões, 9% a menos do que de janeiro a junho de 2024. Os africanos gastaram menos com açúcar e soja, mas elevaram os gastos com carnes.
A soja mantém a liderança isolada nas exportações brasileiras. Foram colocados 64,9 milhões de toneladas da oleaginosa no mercado externo nos seis primeiros meses do ano, mas a receitas recuaram para US$ 25,4 bilhões, 9% a menos do que no ano passado.
As carnes mantêm a segunda posição no ranking da balança comercial do agronegócio. Neste primeiro semestre, foram US$ 13,1 bilhões na soma dos produtos “in natura”, 19% a mais do que em igual período de 2024. Já o açúcar perdeu lugar para o café. Este último rendeu US$ 7,22 bilhões, com aumento de 48%. O açúcar, após US$ 8,6 bilhões no primeiro semestre de 2024, recuou para US$ 5,9 bilhões no primeiro deste ano.
As importações de fertilizantes subiram para 19,4 milhões de toneladas, e os gastos foram a US$ 6,4 bilhões. O país elevou também as compras de agrotóxicos, que atingiram 360 mil toneladas, no valor de US$ 2,1 bilhões. O volume cresceu em 43%, e os gastos, em 24% no período, segundo a Secex.