Neste mês, o renomado fundo Verde, de Luis Stuhlberger, voltou a apostar no mercado de ações local. O fundo multimercado havia zerado sua posição na Bolsa brasileira ao fim de 2024 pela primeira vez desde 2016.
“O fundo voltou a ter alocação comprada em bolsa brasileira, e estamos neutros em bolsa global. No Brasil aumentamos as posições compradas em juro real”, diz a carta do Verde aos investidores referente ao desempenho de junho.
No mês passado, o Verde teve um ganho abaixo do CDI, de 0,97%. No acumulado de 2025, porém, o desempenho (7,15%) supera o índice de renda fixa (6,41%).
Segundo o fundo, os ganhos vieram dos investimentos em euro, real, criptomoedas e crédito local. As perdas vieram de commodities.
“Nos EUA trocamos mais um pedaço da posição de inflação por alocações aplicadas em juro real. Em moedas estamos comprados no euro, no ouro e aumentamos posição no real. Mantivemos a alocação em cripto, assim como os livros de crédito high yield [bem avaliado] local e global.”
A estratégia visa driblar a atual fragilidade do dólar, que tem perdido valor globalmente e deve seguir pressionado com possível corte nos juros americanos.
Já o real se beneficia de uma Selic alta, em 15% ao ano, impulsionada pelo risco fiscal elevado.
“Os temas continuam os mesmos: fragilidade fiscal, busca por popularidade à custa de mais gastos, impulso fiscal versus freio monetário. O mercado busca olhar para longe, em busca da mudança eleitoral, mas com desafio de lidar com um custo de capital altíssimo”, diz a carta da Verde.
Em janeiro deste ano, Stuhlberger, fundador e gestor do fundo Verde, disse que os gastos do governo preocupavam e que o cenário só deveria melhorar depois de 2026.
“Obviamente a avaliação de Brasil não é boa. A pior coisa que esse governo fez foi subir as despesas. E isso começou com Bolsonaro no último ano [de governo, em 2022]”, afirmou Stuhlberger na ocasião.