/ Jul 09, 2025

Africa: campanha para Brahma, da Ambev, foi inflada – 08/07/2025 – Mercado

Ao apresentar uma campanha criada para a Brahma, uma das maiores marcas de cerveja da Ambev, no maior festival de publicidade do mundo, em Cannes, na França, a agência Africa Creative exagerou as características da ação. A campanha, premiada, pagava parte do aluguel de moradias temporárias durante o Carnaval, mas com abrangência inferior à apresentada no festival.

A agência reconheceu erros na divulgação, antecipados pelo UOL e confirmados pela Folha.

No videocase apresentado no festival (veja abaixo), a Africa disse que a Brahma pagou 50% do aluguel de apartamentos locados pela Housi em cinco grandes cidades onde a marca patrocinou o Carnaval de rua ou blocos em 2025 –em Salvador, Recife, São Paulo, Rio e Belo Horizonte. Em troca, os imóveis trariam na fachada uma faixa com a frase: “Esse anúncio bancou o aluguel desse apê no Carnaval”.

A Africa afirmou em Cannes que foram instaladas mais de 2.350 anúncios, em uma ação com 42% mais retorno do que a mídia exterior (out of home), o que fez da Brahma a marca mais lembrada do Carnaval 2025. A peça venceu o Leão de Ouro em Cannes na categoria Brand Experience & Activation Lions, em 19 de junho.

Mas, segundo o UOL, em Salvador foram colocadas faixas em apenas um dia, em menos de 30 apartamentos que já estavam reservados desde o ano passado. A locação, de R$ 20 mil em média, não teve metade do valor pago pela Brahma: foram R$ 1.500 em dinheiro e brindes da Ambev.

Os imóveis da capital baiana também não tinham relação com a Housi, que usou o próprio CEO, Alexandre Frankel, como garoto propaganda para divulgar a ação nas redes sociais.

A Housi não tem presença relevante nas capitais baiana e fluminense. Em nota, a startup afirmou que foi contratada pela agência Africa Creative para prestação de serviço específico, que foi devidamente entregue. “A campanha ‘Aluguel Brahma’, foi idealizada pela Africa Creative para a Ambev, e não tivemos conhecimento dos dados contidos no vídeocase ou qualquer atuação na inscrição e premiação da campanha”.

Em nota, a Africa Creative afirmou que revisitou o material do case e reconheceu que errou na apuração e divulgação dos dados apresentados, dando uma dimensão maior do que realmente aconteceu. “Lamentamos o erro e assumimos total responsabilidade pelas informações contidas no case, que não foram submetidas à aprovação do cliente. A agência está tomando providências internas para revisar seus processos de validação e aprovação de materiais, a fim de garantir que situações como esta não voltem a ocorrer.”

Já a Ambev, também por nota, disse que a campanha foi “parte de uma série de iniciativas da marca para o período. Dados específicos apresentados no case são de responsabilidade da agência que executou a ação. Estamos em contato com a agência cobrando esclarecimentos.”

O caso da Africa com a Ambev vem na sequência de outro escândalo envolvendo o festival: a agência DM9 e a Consul, marca da Whirlpool, tiveram que devolver o Grand Prix da categoria Creative Data, após análise das denúncias de informações inconsistentes e manipuladas no videocase da peça “Economia Eficiente de Energia”. A peça também tinha recebido um Leão de Bronze na categoria Creative Commerce.

Para Emmanuel Publio Dias, professor do curso de Comunicação e Publicidade da ESPM, que frequenta o festival de Cannes desde 1989, o número e a importância dos prêmios conquistados no evento aparecem com bastante relevância nas apresentações que as agências fazem quando estão prospectando novos clientes. “Da mesma forma, os diretores de criação ficam atentos para os prêmios conquistados pelos profissionais, como uma forma de se antecipar ao mercado e contratar esses talentos, assim como fazem os olheiros de futebol”, afirmou.

Segundo ele, quando havia apenas a “mídia clássica” (TV, rádio, jornal, revista, cinema e out-door) era muito mais fácil controlar se determinada peça era real ou não. “Mas hoje o número de peças inscritas cresceu geometricamente e, consequentemente, as peças fantasmas, de vários países e empresas.

Em 1989, na primeira vez que fui ao Festival de Cannes, havia por volta 3.000 comerciais inscritos e a única categoria disputada era filem. Neste ano, foram 26.753 peças inscritas por mais de 90 países em 30 categorias”, disse.

A verificação da autenticidade de todas essas peças e trabalhos publicitários seria inviável, não importa quais critérios foram ou serão estabelecidos pelos organizadores das premiações.

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