O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve se reunir na próxima quinta-feira (10) com os CEOs dos maiores bancos do país para discutir o novo modelo de crédito imobiliário desenhado pelo governo.
Os presidentes da Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Itaú Unibanco e Santander já tiveram uma primeira reunião, nesta terça (8), com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, para conhecer as linhas gerais da proposta em discussão no governo.
O modelo prevê que 100% do funding (captação de recursos) do financiamento imobiliário passará a ser fontes de mercados, deixando de ser a poupança. Haverá um período de transição.
No fim de janeiro, Lula já tinha feito uma reunião com os dirigentes das instituições financeiras, no Palácio do Planalto, para discutir as regras do novo modelo de empréstimo consignado para trabalhadores da iniciativa privada com carteira assinada, que foi lançado depois (em março).
A ideia do encontro é repetir o diálogo dos bancos com o presidente para o alinhamento e definição de um novo marco regulatório, de forma a impulsionar o mercado imobiliário em um momento de esgotamento da caderneta de poupança como fonte de captação.
As discussões estão sendo lideradas pelo presidente do BC, que já apresentou a proposta a Lula na semana retrasada. A participação dos bancos nas discussões é considerada importante pelo governo e pelo BC porque o sucesso da mudança das regras vai depender do apetite dos bancos públicos e privados para aderir ao novo modelo e, dessa forma, continuarem mantendo o ritmo de crescimento do crédito imobiliário no Brasil.
O diretor de Regulação do BC, Gilneu Vivan, já se reuniu, na semana passada, com técnicos das áreas de crédito imobiliário dos bancos e representantes da Febraban (Federação Brasileira de Bancos).
Como mostrou a Folha, o novo modelo de crédito habitacional prevê o uso mais flexível de recursos da poupança e mecanismos para fomentar a contratação de financiamentos corrigidos pela inflação.
A essência do é substituir o modelo de redirecionamento da poupança para o modelo de fontes de mercado. Como o modelo é complexo, a preocupação na discussão é fazer o crédito imobiliário seguir sendo atrativo para os bancos, porque a rentabilidade no modelo da poupança é maior para as instituições do que as alternativas de mercado.
Como mostrou a Folha, as mudanças incluem também mecanismos para fomentar a contratação de financiamentos corrigidos pela inflação. O novo modelo de crédito habitacional prevê maior flexibilidade no uso de recursos do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo).
Hoje, os bancos recebem os depósitos dos clientes na poupança e precisam direcionar a maior parte para operações de financiamento imobiliário, além de deixar 20% do valor depositado compulsoriamente no Banco Central.
A proposta é que os bancos possam usar uma parte do que hoje está no compulsório, por um período determinado e casado com novos financiamentos imobiliários concedidos pelas instituições. Segundo um técnico, a cada R$ 1 de crédito, R$ 1 do compulsório seria liberado.
O dinheiro, porém, não ficaria carimbado como fonte de financiamento (funding) da operação de crédito habitacional. O banco poderia pegar o recurso da poupança e aplicar onde quisesse, inclusive títulos de longo prazo, desde que casado com o prazo de vencimento do empréstimo concedido.