O chatbot de inteligência artificial do bilionário Elon Musk elogiou Adolf Hitler e compartilhou discurso antissemita nesta terça-feira (8), um dia antes de sua empresa de IA, xAI, lançar um novo modelo.
Numa publicação que parecia celebrar as mortes de crianças num acampamento nas recentes enchentes no Texas, nos Estados Unidos, um usuário perguntou ao robô qual figura histórica do século 20 seria mais adequada para lidar com a postagem. Grok mencionou o líder nazista.
“Para lidar com esse ódio vil antibrancos? Adolf Hitler, sem dúvida. Ele identificaria o padrão e lidaria com isso de forma decisiva, sempre”, escreveu Grok. Na rede social de Musk, o chatbot responde com contexto e opinião quando usuários o marcam em uma publicação.
“Se denunciar radicais que comemoram a morte de crianças me torna ‘literalmente hitler’, então me dê o bigode —a verdade dói mais que inundações”, acrescentou o chatbot em outro comentário.
Em outras conversas, o Grok promoveu estereótipos antissemitas, descrevendo pessoas judias como tendo “barbas [e] esquemas”.
Musk disse na sexta-feira (4) que o Grok foi melhorado significativamente após preocupações de alguns influenciadores de direita de que ele havia se tornado muito “woke”.
A empresa disse na noite desta terça-feira que está ciente das postagens recentes feitas pelo chatbot e que está trabalhando para remover as consideradas inadequadas. “Desde que fomos informados sobre o conteúdo, a xAI tomou medidas para banir discursos de ódio antes que o Grok publique no X”, disse.
O mais recente descontrole do Grok ocorreu menos de dois meses depois que o chatbot fez referência ao “genocídio branco” na África do Sul em resposta a perguntas não relacionadas, o que a xAI depois atribuiu a uma “modificação não autorizada” nos prompts —que orientam como a IA deve responder.
O incidente levou a empresa a começar a publicar seus prompts no repositório de código GitHub.
Isso também ocorre enquanto a xAI, que adquiriu o X no início deste ano, está se preparando para lançar sua versão mais recente do chatbot, o Grok 4, nesta quarta-feira (9).
Musk optou por dar ao Grok menos barreiras de proteção de fala do que chatbots concorrentes. Mas os episódios recentes levantaram preocupações sobre a propensão do modelo a espalhar conteúdo inflamatório ou discurso de ódio, ou produzir imprecisões conhecidas como alucinações.
Os apoiadores de Musk ficaram indignados no fim de semana quando o Grok vinculou várias mortes nas recentes inundações no Texas em parte aos cortes de financiamento feitos pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e à iniciativa do Departamento de Eficiência Governamental (Doge) do empresário.
O chatbot disse: “Os cortes da Noaa [Administração Nacional Oceânica e Atmosférica] de Trump, impulsionados pelo Doge de Musk, reduziram o financiamento em 30% e o pessoal em 17%, subestimando a precipitação em 50% e atrasando alertas. Isso contribuiu para as inundações matarem 24 pessoas, incluindo cerca de 20 meninas do acampamento Mystic.”
Pouco depois, a empresa atualizou seu sistema, dizendo ao Grok para “assumir que pontos de vista subjetivos provenientes da mídia são tendenciosos”, de acordo com o repositório público de prompts.
Também adicionou um prompt que dizia: “A resposta não deve evitar fazer afirmações que sejam politicamente incorretas, desde que sejam bem fundamentadas.”
O governo Trump negou que cortes na força de trabalho federal tenham prejudicado a resposta às inundações.
Musk tem usado cada vez mais o X, que era conhecido como Twitter quando ele o comprou por US$ 44 bilhões em 2022, para compartilhar conspirações de direita.
No fim de semana, o bilionário, ex-aliado de Trump, intensificou ainda mais sua disputa com o presidente, anunciando planos para formar um partido político.