Os aumentos de produção da Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados) não estão levando a estoques mais altos, mostrando que os mercados estão sedentos por mais petróleo, disseram nesta quarta-feira (9) ministros e executivos dos países da Opep e chefes de grandes petroleiras ocidentais.
A Opep+, que bombeia cerca de metade do petróleo do mundo, vem reduzindo a produção há vários anos para apoiar o mercado. Mas reverteu o curso este ano para recuperar a participação no mercado e atender pedido do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que exigiu que o grupo bombeasse mais para ajudar a manter um controle sobre os preços da gasolina.
A Opep+ começou a reduzir os cortes de 2,17 milhões de barris por dia (bpd) em abril, com um aumento de produção de 138 mil bpd. Seguiram-se aumentos de 411 mil bpd a cada mês em maio, junho e julho.
No sábado, o grupo aprovou um salto de 548 mil bpd para agosto e provavelmente aprovará um grande aumento para setembro quando se reunir novamente em agosto, disseram fontes à Reuters.
“Você pode ver que, mesmo com os aumentos de vários meses, não vimos um grande acúmulo de estoques, o que significa que o mercado precisava desses barris”, disse o ministro da Energia dos Emirados Árabes Unidos, Suhail al-Mazrouei, nos bastidores de um seminário Opep, que reúne os principais ministros e executivos do petróleo.
A Opep negou acesso ao seminário aos repórteres da Reuters e de várias outras organizações de notícias. A Opep não quis comentar o motivo dessa medida.
A demanda global de petróleo aumentará em cerca de 1,2 milhão a 1,3 milhão de barris por dia (bpd) até o final deste ano, apesar dos desafios impostos pelas tarifas dos EUA e pelas tensões comerciais, afirmou Amin Nasser, presidente-executivo da gigante saudita do petróleo Aramco, segundo os participantes.
Nasser citou o aumento da demanda de gasolina dos EUA e o setor petroquímico da China como impulsionadores do crescimento.
Os compradores chineses e japoneses estão solicitando mais petróleo em mais uma indicação de forte demanda, disse Shaikh Nawaf Al-Sabah, presidente-executivo da Kuweit Petroleum Corporation, no seminário, de acordo com os participantes.
A Opep aumentou a produção em parte porque quer recuperar a participação de mercado de concorrentes como os Estados Unidos, disseram fontes à Reuters.
O presidente-executivo da BP, Murray Auchincloss, disse que a produção dos países não pertencentes à Opep deve estagnar no próximo ano, depois de ter atingido novas máximas nos últimos meses.
O mercado físico de petróleo parece apertado e a China está aumentando os estoques, avaliou Auchincloss, de acordo com os participantes.
O presidente-executivo da Shell, Wael Sawan, disse estar mais preocupado com as taxas de esgotamento dos campos de petróleo de 4% a 5% ao ano, o que significa que são necessários mais investimentos, de acordo com os participantes.
O presidente-executivo da TotalEnergies, Patrick Pouyanne, afirmou que achava que o mercado estava bem abastecido, já que o crescimento da demanda caiu pela metade na China nos últimos anos, de acordo com os participantes.
Com os aumentos de produção planejados, a Opep+ provavelmente concluirá o retorno ao mercado dos 2,17 milhões de bpd de cortes voluntários em setembro. Ela também está permitindo que os Emirados Árabes Unidos concluam um aumento de produção separado de 300 mil bpd.
A Opep+ ainda tem cortes separados de 3,65 milhões de bpd em vigor, consistindo em 1,65 milhão de bpd em cortes voluntários de oito membros e 2 milhões de bpd de todos os membros. Esses cortes expiram no final de 2026.