Javier Milei reuniu o alto escalão na Casa Rosada no início da tarde desta sexta-feira (11) com a expectativa de anunciar o fechamento de um novo acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), mas antes disso terá de digerir uma notícia ruim para o governo.
A inflação na Argentina acelerou em março para 3,7%, bem acima do que havia sido registrado em fevereiro e das expectativas dos analistas, segundo informou a agência oficial de estatísticas Indec divulgados nesta sexta-feira (11).
Esse foi o maior aumento mensal para o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) desde agosto do ano passado, quando a alta foi de 4,2%. Nos três primeiros meses do ano, a inflação acumulada é de 8,6% e, em 12 meses, de 55,9%.
É também a segunda alta consecutiva mensal. Em fevereiro, a taxa mensal de inflação no país já tinha acelerado, para 2,4%, em linha com estimativas de analistas, conforme despesas com moradia e serviços públicos aumentaram quase 4%.
Em janeiro, o instituto registrou 2,2% de inflação registrados em janeiro.
Para a série histórica da inflação em 12 meses, a trajetória é de baixa, vindo de resultados e 84,5% em janeiro e de 66,9% em fevereiro.
De acordo com o Indec, o grupo de maior aumento no mês foi o de educação (21,6%), por causa do início do ano letivo. Em seguida, aparece o grupo que mais influencia no cotidiano dos argentinos, o de alimentos e bebidas não alcóolicas, que registrou um aumento mensal de 5,9%, principalmente pelas altas de preços de legumes, verduras, carnes e derivados.
“Já me perdi nos preços das verduras, a gente vai a três lugares diferentes para pesquisar os preços e mesmo o mais barato é caro para quem é aposentado”, reclama Romina Reyes, 76, na porta de um mercadinho em Buenos Aires. “Acabo desistindo de comer algumas coisas.”
A queda da inflação é uma das principais bandeiras do governo do presidente, com a qual o governo tem justificado o severo ajuste imposto aos argentinos.
O anúncio dos dados de inflação também acontece em meio às expectativas de a Argentina chegar a um novo acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Após meses de negociações, o Fundo chegou a um acordo com a Argentina em nível técnico sobre uma linha de crédito estendida de 48 meses, totalizando US$ 20 bilhões (R$ 119,8 bilhões). Estão previstos anúncios com detalhes do plano para esta sexta-feira.
Outra preocupação da Casa Rosada é com o câmbio. No mês de março, o dólar blue (paralelo) subiu 5,5%, de 1.230 pesos argentinos para 1.300.
A alta de preços no país vem em linha com a inflação registrada na cidade de Buenos Aires, que foi de 3,2% em março, igualmente impulsionada pelo aumento de 4,7% nos preços de alimentos e bebidas.
A maioria das consultorias já esperava uma nova aceleração dos preços em março, mas ela ocorreu muito acima das expectativas. Consultorias como Analytica e C&T já tinham expectativa de aumento mensal de 2,5% e 2,7%, respectivamente.