/ Apr 19, 2025

Não deixe sua aposentadoria para depois – 13/04/2025 – De Grão em Grão

Você já imaginou se empresas como Suzano ou Vale tomassem decisões baseadas apenas no humor do consumidor na semana passada? Se, diante de uma queda nas vendas de um mês, cancelassem um projeto bilionário de expansão que levaria dez anos para amadurecer? Ou se uma geradora de energia abandonasse um novo parque eólico porque os ventos daquele trimestre foram fracos?

Pois é exatamente isso que muitos fazem com seu plano financeiro pessoal.

Monitoram diariamente a cotação do dólar, a taxa do CDI, o desempenho da Bolsa. Sabem de cor quanto rendeu sua carteira em março. Mas, se perguntarem se estão a caminho de se aposentar com tranquilidade, ou se podem aumentar ou reduzir os aportes com as novas perspectivas, hesitam. A verdade é que o futuro financeiro de muita gente está sendo guiado com os olhos grudados no retrovisor.

Essa miopia não é só descuido —é uma armadilha cognitiva chamada miopia temporal. Ela nos leva a dar muito mais peso ao presente do que ao futuro, como se o que importa fosse sempre o agora. Mas o agora, isolado, não sustenta décadas de vida sem trabalho.

Você não decide o sucesso da sua aposentadoria com base na rentabilidade de um mês. Do mesmo jeito que ninguém compra um bilhete de avião para uma viagem internacional sem planejar hospedagem, roteiro e moeda local. A aposentadoria também é uma jornada —e requer um mapa claro do destino e dos recursos para chegar lá.

Essa miopia não afeta apenas o planejamento da aposentadoria. Ela aparece também em outro grande marco da vida financeira: a compra de um imóvel. Quem vive focado apenas no presente não se prepara. Quando chega o momento de comprar a casa própria, acaba recorrendo a financiamentos longos e caros. Não por escolha, mas por falta de planejamento.

Com mais visão de longo prazo, essa pessoa poderia ter planejado melhor e adquirido crédito mais barato, ou montado uma reserva para dar uma entrada maior. Em vez de pagar juros sobre juros por 30 anos, estaria negociando com mais poder e menos pressa. A falta de planejamento custa caro. Literalmente.

A procrastinação tem um preço. Adiar o início de aportes em cinco anos pode significar o dobro de esforço depois. E o tempo que se perde raramente é recuperado com rentabilidade. Ficar esperando “o momento certo” é o que impede muitos de alcançar a liberdade financeira.

É o paradoxo da atenção: muitos acompanham o mercado como se fossem gestores de fundo multimercado, mas não param 15 minutos por semestre para rever o plano da própria aposentadoria, da compra de um imóvel, da educação dos filhos e outros planos de longo prazo. Como se entender o gráfico do Ibovespa fosse mais relevante do que saber se o padrão de vida da velhice será confortável ou se será possível sair do aluguel em dez anos.

Planejar o longo prazo é aceitar que ele começa hoje. Que as melhores colheitas vêm de quem planta cedo, rega com regularidade e ajusta a rota quando necessário. Porque, no fim, o que está em jogo não é o próximo mês, é a vida que você quer viver nas próximas décadas —e ela precisa de atenção, estratégia e ação constante.


LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

Notícias Recentes

Travel News

Lifestyle News

Fashion News

Copyright 2025 Expressa Noticias – Todos os direitos reservados.