A Petrobras elegeu nesta quarta-feira (16) oito membros para seu conselho de administração, com apenas uma mudança em relação ao grupo atual: a substituição do ex-secretário de Geologia e Mineração do MME (Ministério de Minas e Energia) Vitor Saback pelo engenheiro Fernando Coura.
A assembleia referendou ainda proposta da companhia para distribuir R$ 9,1 bilhões em dividendos aprovada pelo conselho de administração em fevereiro. Com esse valor, a remuneração ao acionista referente ao resultado de 2024 somou R$ 75,8 bilhões.
A eleição foi provocada pela renúncia de Marcelo Gasparino, um ex-conselheiro indicado por investidores privados, em março. Gasparino alegou que precisava sair para cumprir novas restrições impostas a conselheiros da Eletrobras, cargo que também ocupa.
O conselho de administração da Petrobras tem 11 cadeiras, mas três delas são eleitas em separado e, por isso, não foram afetadas pela decisão de Gasparino. São dois representantes de minoritários, Francisco Petros e Jerônimo Antunes, e a representante dos trabalhadores, Rosângela Buzanelli.
Nesta quarta, o governo elegeu seis de seus oito candidatos, como vem ocorrendo desde 2022, quando minoritários conseguiram vencer em assembleia a disputa por duas das oito vagas não destinadas a representantes de grupos específicos.
Cinco dos indicados pelo governo já pertencem ao conselho atual: a presidente da Petrobras, Magda Chambriard; os secretários do MME Pietro Mendes, da Casa Civil, Bruno Moretti, e da Fazenda, Rafael Dubeaux; e o advogado Renato Galuppo.
O sexto, Coura, teve que se desligar de funções na Fiemg (Federação das Indústrias de Minas Gerais) e no Sindicato da Indústria Mineral do Estado de Minas Geral para eliminar restrições à sua nomeação feitas por comitê interno que avalia as indicações.
As duas vagas restantes ficaram com o banqueiro Juca Abdalla e com Aloisio Macário Ferreira de Souza, que também já estão no conselho. Abdalla é o maior acionista individual da Petrobras e está no conselho de administração desde 2022.
Ele foi um dos responsáveis pela ofensiva do mercado sobre cadeiras da União no colegiado. Em 2021, ajudou a eleger Gasparino como o primeiro conselheiro não indicado do governo a ocupar uma dessas oito vagas.
Em 2022, foi eleito para a segunda cadeira. Nesta quarta, confirmou sua recondução com quase o dobro dos votos mínimos para a eleição.
Reconhecido como um investidor recluso, Abdalla tem feito manifestações nas assembleias da Petrobras. Em 2024, defendeu a permanência do ex-presidente da companhia Jean Paul Prates, demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cerca de um mês depois.
Nesta quarta, pediu a fala para um afago no presidente da assembleia, o advogado Francisco Costa e Silva. “Como maior acionista da Petrobras, quero dizer que é uma honra ter o senhor novamente como presidente dessa assembleia”, disse.
Mais uma vez, sua indicação recebeu ressalvas do comitê interno por ser administrador de empresas que prestam serviços ou concorrem com a Petrobras. O comitê, porém, deixou a decisão nas mãos dos acionistas, que garantiram votos suficientes para sua eleição.