/ Apr 19, 2025

Rioprevidência morde fatia de consignado do Master – 16/04/2025 – Painel S.A.

O Rioprevidência, bilionário fundo de pensão dos servidores fluminenses, investiu quase R$ 1 bilhão em papéis sem cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) emitidos pelo Master entre 2023 e 2024 porque um pedaço dos pagamentos do consignado feito pelo banco com servidores do fundo poderia ser usado para cobrir perdas.

É o que afirmou ao Painel S.A. o ex-diretor de investimento do fundo, Euchério Lerner Rodrigues. Consultado, o banco Master disse que não vai comentar. O Rioprevidência não respondeu.

A existência de uma garantia colateral à compra das letras financeiras do Master tinha sido revelada por Rodrigues em sessão do TCE (Tribunal de Contas do Estado) do Rio de Janeiro neste mês.

Aos conselheiros, ele reportou que a carteira de consignado do Rioprevidência com o Master previa uma receita de cerca de R$ 20 milhões por mês ao fundo.

No mercado, essa prática chama-se rebate. Em troca de fechar o contrato com um fundo com tantos associados, o banco aceita devolver uma parte dos rendimentos.

Por isso, durante seu depoimento no TCE, Rodrigues disse que, ainda se o Master quebrasse, o fundo levaria 23 meses para se reerguer somente com o fluxo de caixa decorrente dessa operação de consignado.

Garantia colateral

Em nota, o ex-diretor afirmou ao Painel S.A. que as aplicações nas letras financeiras seguiram as exigências do Conselho Monetário Nacional e da política de investimentos do Rioprevidência. Disse ainda que o banco tinha na época “grau de investimento” pela agência Fitch Ratings.

O chamado “grau de investimento” do Master pela Fitch, porém, só veio depois das aplicações do Rioprevidência no banco, em novembro de 2024.

“Esses elementos, por si só, já sustentariam sua superioridade frente às alternativas de risco equivalente. No entanto, o diferencial mais relevante era a composição da carteira do emissor: baseada majoritariamente em crédito consignado, o que oferecia, de forma implícita, uma camada adicional de segurança ao Rioprevidência, funcionando como um colateral estrutural”, disse.

Segundo Rodrigues, o investimento nas letras do Master era não apenas tecnicamente justificável, mas também era a melhor escolha em termos de “responsabilidade na gestão pública dos recursos previdenciários”.

Por fim, afirmou que o TCE reconheceu a inexistência de ilegalidades nos investimentos do Rioprevidência no Master. “O parecer preliminar da Corte afastou quaisquer irregularidades, destacando apenas recomendações de aprimoramento da governança na gestão de investimentos.”

R$ 20 milhões mensais

“Existia uma razão adicional para o investimento no Banco Master pelo Rioprevidência. O banco Master tem uma carteira de empréstimo consignado junto ao Rioprevidência, que dá ao Rioprevidência uma receita de mais ou menos R$ 20 milhões por mês”, disse Rodrigues ao TCE.

“Então, do total captado [junto ao Master], nós calculamos que, no caso extremo de default total dos títulos do banco Master, em 23 meses nós, se usássemos o fluxo de caixa decorrente do consignado, ressarciríamos o capital investido no banco Master. O Master, por causa do consignado, além da taxa, era mais interessante para o Rioprevidência do que toda concorrência.”

Rodrigues liderou os investimentos do fundo de pensão em letras financeiras do Banco Master de novembro de 2023 a abril de 2024, que totalizaram R$ 970 milhões, cerca de 7% do total das aplicações do fundo.

Ao TCE, o gestor disse que o banco oferecia taxas de administração mais baixas e retornos mais atrativos que os demais concorrentes. Afirmou ainda que os investimentos no Master obedeciam os “níveis de risco legais e desejáveis”.

Com Stéfanie Rigamonti


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