O BCE (Banco Central Europeu) cortou sua taxa de juros de referência para 2,25% enquanto se prepara para as consequências econômicas da guerra comercial iniciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

O corte desta quinta-feira (17), que reduz os custos de empréstimos no bloco da moeda ao nível mais baixo em mais de dois anos, era amplamente esperado após o anúncio de Trump sobre tarifas abrangentes para a maioria dos parceiros comerciais dos EUA em 2 de abril.

“As perspectivas de crescimento deterioraram-se devido ao aumento das tensões comerciais”, disse o BCE nos comentários que acompanharam a decisão sobre as taxas. Acrescentou que “a resposta adversa e volátil do mercado às tensões comerciais provavelmente terá um impacto de aperto nas condições de financiamento”.

Antes da decisão, Trump comparou o histórico de cortes de taxas do BCE com o Federal Reserve dos EUA, que manteve as taxas inalteradas em sua última reunião em março.

Trump disse que o presidente do Fed, Jay Powell, que alertou na quarta-feira (16) sobre o impacto das tarifas no crescimento e na inflação dos EUA, estava “sempre ATRASADO E ERRADO” e que sua “demissão não pode vir rápido o suficiente!”

O corte do BCE desta semana é a sétima redução desde que começou a cortar sua taxa de depósito em junho passado.

Os operadores estão esperando pelo menos mais dois cortes de um quarto de ponto até o final deste ano, de acordo com os níveis implícitos nos mercados de swaps após a decisão.

O euro permaneceu praticamente inalterado a US$ 1,135 (R$ 6,66) imediatamente após o corte.

Trump anunciou uma pausa na semana passada, adiando suas “tarifas recíprocas” completas de 20% sobre bens da UE por 90 dias, durante os quais uma taxa de 10% será aplicada. Mas os principais banqueiros centrais dizem que suas políticas protecionistas ainda provavelmente serão um choque econômico negativo para a área do Euro.

O BCE já está enfrentando crescimento mais lento e pressões de preços em desaceleração. Em março, o banco central reduziu sua previsão de crescimento para 2025 para a Zona do Euro para 0,9% —sua sexta redução consecutiva.

A inflação caiu ligeiramente no mês passado para 2,2% —marginalmente acima da meta de 2% do BCE— à medida que os preços dos serviços aumentaram no ritmo mais lento em quase três anos.

Economistas dizem que a inflação pode ser reduzida ainda mais pela queda do preço do petróleo este mês, pela recente valorização do euro frente ao dólar e por um potencial aumento nas importações chinesas para a Zona do Euro. Os três desenvolvimentos são amplamente vistos como consequências da política comercial de Trump, pelo menos em parte.

Mas o aumento nos gastos financiados por dívida na Alemanha e em outros lugares da Zona do Euro poderia se tornar uma pressão inflacionária.